Ele “prende” o nitrogênio para salvar o oxigênio
Cientistas
da Califórnia lançaram luz sobre um mistério que rondava os sete mares: como
mamíferos, como os leões-marinhos, conseguem procurar comida nas profundezas
sem sofrer os efeitos da descompressão? A doença descompressiva ocorre quando o
gás nitrogênio, comprimido na corrente sanguínea sob pressão em profundidade,
se expande durante a subida, provocando dor e podendo, inclusive, matar em
alguns casos.
Pesquisadores
chefiados por Birgitte McDonald, do Instituto de Oceanografia Scripps, capturou
uma fêmea adulta de leão-marinho-da-califórnia ('Zalophus californianus'),
anestesiaram-na e instalaram dispositivos no animal para registrar a pressão do
oxigênio em sua artéria principal, bem como o tempo e a profundidade dos
mergulhos.
Em
seguida, o leão-marinho de 82 quilos foi libertado e os dados de seus
movimentos - 48 mergulhos, cada um com duração média de seis minutos - foram
enviados por rádio-transmissor.
A
uma profundidade de cerca de 225 metros, houve uma queda súbita da pressão do
oxigênio no corpo do animal, sinalizando que ele esvaziou seus pulmões para
evitar que ar adicional (juntamente com nitrogênio) fosse para a corrente
sanguínea.
A
redução do volume pulmonar em mamíferos mergulhadores é uma ação natural, em
que os alvéolos que processam o ar - estruturas elásticas, similares a balões,
unidas aos brônquios - são esvaziados para reduzir o tamanho do órgão.
Leões-marinhos fazem apresentação em
parque aquático de Noboribetsu,
Japão, em abril de 2009 - Foto de Kazuhiro Nogi/AFP
|
O
leão-marinho capturado continuou mergulhando, alcançando até 300 metros de
profundidade antes de começar a subir.
Por
volta dos 247 metros, a pressão do oxigênio voltou a crescer, indicando que o
animal voltou a inflar os pulmões, e caiu novamente quando atingiu a
superfície.
Mas
se o leão-marinho esvaziou os pulmões, onde ele guardou a preciosa reserva de
ar que o ajudou a sobreviver durante a subida? A resposta: nas vias aéreas
superiores, os grandes bronquíolos e traqueia, cujos tecidos não conseguem
dissolver ar na corrente sanguínea.
Durante
o retorno à superfície, o leão-marinho utilizou sua bolsa de ar para alimentar
os alvéolos, sugeriu o estudo.
Ao
final do experimento, os cientistas removeram os equipamentos do animal e o
soltaram no mar, segundo o relato da pesquisa, publicado na edição desta
terça-feira do periódico britânico Biology Letters.
Texto Original em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário