Descoberta pode determinar tratamento mais eficaz
Investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, descobriram o mecanismo molecular envolvido no aparecimento de leucemia linfoblástica aguda de células T (LLA-T), um câncer do sangue especialmente frequente em crianças que se caracteriza por um aumento descontrolado do número de glóbulos brancos.
João T. Barata e Daniel Ribeiro no IMM |
Em entrevista ao Ciência Hoje, João T. Barata, coordenador do estudo, explica que há vários mecanismos descritos para o desenvolvimento de leucemia linfoblástica aguda em geral. “A ativação mutacional do gene Notch1 é dos mais frequentes. A expressão aberrante de um outro oncogene, TAL1, também é extremamente comum”, exemplifica.
“Por outro lado, nós demonstrámos no passado que alterações, ao nível da proteína, que levam à inativação do gene supressor de tumores PTEN, também ocorrem em inúmeros casos de LLA-T”, acrescenta.
O investigador e a equipe do IMM descobriram que “existem também mutações que afetam o gene IL7R em cerca de 9% dos doentes. A forma como as mutações promovem o desenvolvimento de leucemia passa pelo facto de elas tornarem a proteína IL-7R, que é um receptor expresso na superfície das células, permanentemente ativada”, refere João T. Barata.
E continua: “O receptor interleucina 7R (IL-7R) promove a sobrevivência e multiplicação celulares. Em condições normais isto acontece apenas quando a IL-7, uma proteína que circula no sangue, se liga ao IL-7R. No entanto, no caso da LLA-T, as mutações levam a que o IL-7R funcione de forma permanente e sem necessidade da IL-7. A consequência é um aumento descontrolado da sobrevivência e proliferação das células que contêm estas mutações”.
O estudo dos investigadores portugueses, publicado na revista Nature Genetics, revelou ainda que há um grupo de fármacos que poderá atuar contra o desenvolvimento deste tipo de tumores, abrindo novas perspectivas de terapia.
“Estudámos inibidores de JAK1, uma molécula que verificámos ser indispensável para o funcionamento dos receptores IL-7R mutados. Verificamos que a inibição de JAK1 consegue eliminar a maior parte ou mesmo a totalidade das células que expressam o IL-7R alterado. Inibidores de JAK1 estão atualmente em ensaios clínicos para outro tipo de cancros e no contexto de doenças inflamatórias como artrite reumatóide. Para além destes, estamos interessados em testar outros inibidores farmacológicos (por exemplo de PI3K) ou anticorpos específicos”, descreve o investigador.
E conclui: “A nossa esperança e a razão pela qual trabalhamos todos os dias, é que o estudo se venha a traduzir em algo que beneficie os doentes, aumentando o arsenal de armas atualmente existente para combater este tipo de leucemias pediátricas”.
É por estes pesquisadores que temos que acreditar que viver vale a pena. Que o UNIVERSO contemple estes cientistas na medida que são merecedores.
ResponderExcluirÉ bom saber que existem bons cientistas no mundo, que se dedicam e empenham-se para descobrirem curas para doenças que nos afetam. Parabéns a estes Portugueses e a outros cientistas pelas descobertas benéficas que nos trazem.
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