Novo relatório revela situação sem precedentes na história da humanidade
Relatório recomenda o fim da pesca intensiva |
As pressões que se exercem no oceano, como o aumento de temperatura ou a sobre pesca, fizeram-no entrar num declínio “chocante”, marcado por sintomas que antecedem as extinções em massa.
O alerta foi feito num relatório realizado por investigadores do Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos (IPSO, na sigla em inglês), que indica que os ecossistemas marinhos enfrentam perigos ainda maiores do que os estimados até agora pelos cientistas e que correm o risco de entrar numa fase de extinção de espécies sem precedentes na história da humanidade.
Neste trabalho, o painel de especialistas advertiu que fatores como a pesca intensiva, a poluição e as mudanças climáticas estão a agir de uma forma conjunta que não havia sido antecipada.
Segundo Alex Rogers, diretor científico do IPSO e professor da Universidade de Oxford, "as conclusões são chocantes. Há mudanças que estão a acontecer mais rápido do que o expectável e de forma que não se esperava que fossem acontecer por centenas de anos", como o degelo no Ártico, na Groenlândia e na Antártida, o aumento do nível dos oceanos e libertação de metano no mar.
Efeitos em cadeia provocados pelos poluentes
Neste estudo verificou-se, por exemplo, que alguns poluentes permanecem nos oceanos por estarem presos a pequenas partículas de plástico que lá foram depositadas. A existência destes componentes, para além de prejudicar a alimentação dos peixes que os consomem, é responsável pela proliferação de algas tóxicas.
O estudo descreveu também como a acidificação do oceano, o aquecimento global e a poluição estão a agir de forma conjunta para aumentar as ameaças aos recifes de corais, tanto que 75 por cento dos corais mundiais correm o risco de sofrer um severo declínio.
O relatório observou ainda que episódios anteriores de extinção em massa revelaram tendências que estão a ocorrer atualmente, como distúrbios no ciclo de carbono, acidificação e baixa concentração de oxigénio na água.
Alex Rogers, diretor científico do IPSO |
"Ainda contamos com boa parte da biodiversidade mundial, mas o ritmo atual da extinção é muito mais alto [do que no passado] e o que enfrentamos é, certamente, um episódio de extinção global significativa", afirmou Alex Rogers, explicando ainda que os níveis de CO2 que são absorvidos pelos oceanos já são bem mais altos do que os registados durante a grande extinção de espécies marinhas que ocorreu há 55 milhões de anos.
Este relatório, que será formalmente apresentado esta semana em Nova Iorque, recomenda ainda que se acabe, urgentemente, com a pesca intensiva, dando atenção ao alto mar, onde não há regulamentação eficaz, que se mapeie e reduza a entrada de poluentes como plásticos, fertilizantes agrícolas e dejetos humanos e que se minimize as emissões de gases de efeito estufa.
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