A
biodiversidade das áreas tropicais protegidas está seriamente ameaçada, uma
situação que afeta da Amazônia e várias florestas da América Central, segundo
estudo publicado na «Nature». A situação da biodiversidade em áreas tropicais
protegidas é extremamente variável. Metade das reservas estão bem, mas a outra
metade, não. Quem o diz é William Laurance, biólogo da Universidade James Cook
(Cairns, norte da Austrália) e autor principal do estudo.
As
áreas mais ameaçadas são aquelas em que o nível de proteção diminuiu nas
últimas décadas ou que estão a ser prejudicadas por atividades econômicas
realizadas em zonas vizinhas, como a exploração florestal, a invasão de
terreno, queimadas para criar novas zonas de pastagem e a exploração mineira
ilegal.
William Laurance, da Universidade James Cook |
A
situação deteriorou-se rapidamente nas reservas africanas, mas também é
preocupante nas florestas latino-americanas. William Laurance chegou a esta
conclusão depois de entrevistar 262 biólogos com mais de 20 anos de experiência
em 60 reservas de 36 países.
Na
América Latina, a situação está mudando, pois existem uma série de clareiras na
Mata Atlântica do Brasil, na América Central e em partes da Amazônia. No
entanto, as áreas mais remotas desta floresta ainda estão bastante preservadas.
Entre
a fauna mais ameaçada encontram-se alguns dos principais predadores, como
jaguares e tigres, assim como animais de grande porte, como elefantes da
floresta africana, rinocerontes e antas. Também estão diminuindo em grande
número os exemplares de peixes de água doce e anfíbios, além de morcegos,
lagartos, e cobras não venenosas.
O Principal impacto da perda da biodiversidade traduz-se na extinção das espécies que são irrecuperáveis. |
Os
primatas, as aves da submata, as serpentes venenosas, as grandes aves que se
alimentam de frutos e as espécies migratórias também se encontram ameaçados,
sendo, no entanto, menos vulneráveis.
Os
especialistas ficaram surpreendidos pelo aumento considerável de lianas,
espécies invasoras, e árvores de crescimento rápido e de intolerância absoluta
à sombra de outras árvores, que aparecem nas clareiras das florestas.
Para
travar esta perda de biodiversidade, Laurance recomenda a criação de “zonas-tampão”
entre as áreas protegidas e as áreas circundantes. Defende, também, que se
trabalhe com as comunidades locais para promover um uso mais benigno do solo.
Artigo: Reserve forests facing biodiversity erosion
Artigo: Reserve forests facing biodiversity erosion
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