Um novo estudo
descobriu dois répteis estranhos, semelhantes a mamíferos, que percorriam o
Brasil cerca de 235 milhões de anos atrás, provavelmente comendo insetos
capturados com seus dentes pontudos.
Os animais
pareciam ratos escamosos e eram cinodontes, um grupo que deu origem a todos os
mamíferos vivos.
“Estes novos fósseis nos ajudam a entender
mais detalhadamente a evolução dos animais que deram origem ao grupo de
mamíferos, em que nós, seres humanos (Homo sapiens), estamos incluídos”, disse
o principal autor do estudo, Agustín Martinelli, paleontólogo da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, ao portal Live Science.
Cinodontes
Cinodontes
são anteriores aos dinossauros, aparecendo pela primeira vez no registro fóssil
cerca de 260 milhões de anos atrás, durante o período Permiano.
Seus
descendentes incluem marsupiais, mamíferos placentários e monotremados
(mamíferos que põem ovos em vez de dar à luz filhotes vivos), como o
ornitorrinco.
No
entanto, os primeiros cinodontes que viveram durante o final do Permiano e
início do Triássico não eram mamíferos, mas sim répteis com crânios e
mandíbulas parecidas com os dos mamíferos.
As duas espécies
Uma
das espécies recém-descoberta estava descansando na coleção do Museu de
Ciências da Terra no Rio de Janeiro desde 1946, quando L. I. Price,
paleontólogo brasileiro, encontrou dois crânios e duas mandíbulas datando de
237 milhões a 235 milhões de anos atrás, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do
Sul.
Esses
espécimes pertencem a um pequeno animal de cerca de 30 centímetros de
comprimento, com dentes superiores salientes e excepcionalmente grandes, que
sugerem que ele comia insetos. A anatomia da criatura indica que ela faz parte
de uma família extinta de cinodontes carnívoros, chamada Probainognathidae.
A
espécie está provavelmente relacionada com Probainognathus jenseni, mas é
diferente o suficiente para justificar seu próprio gênero e espécie: Bonacynodon
schultzi. O nome homenageia dois paleontólogos eminentes, José Bonaparte, da
Argentina, e Cesar Schultz, do Brasil, que passaram a vida estudando os fósseis
do Triássico da América do Sul.
A
outra espécie, também descoberta no estado do Rio Grande do Sul, foi
identificada usando um número reduzido de restos – apenas uma mandíbula com
dentes. Os cientistas a apelidaram de Santacruzgnathus abdalai, em homenagem a
Fernando Abdala, um paleontólogo argentino que estuda cinodontes africanos e
sul-americanos. S. abdalai tinha cerca da metade do tamanho de B. schultzi,
medindo apenas 15 centímetros de comprimento.
Vovôs
Ambos
os cinodontes viveram milhões de anos antes do aparecimento do primeiro
mamífero conhecido: uma criatura que lembra um musaranho, habitando há 160
milhões de anos o que hoje é a China.
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