A Wolbachia está presente naturalmente em 60% dos
insetos, mas não nos mosquitos. Imagem Luis Robayo AFP/Arquivos
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Governos
e filantropos anunciaram na quarta-feira (26/10) um plano de US$ 18 milhões para
liberar mosquitos resistentes ao zika, à dengue e a outros vírus em áreas
urbanas da Colômbia e do Brasil.
O
objetivo do programa é impulsionar os esforços de controle do mosquito usando
as bactérias Wolbachia a partir do ano que vem, após a propagação alarmante do
vírus zika, que pode causar malformações congênitas graves em fetos de mulheres
infectadas.
A
Wolbachia está presente naturalmente em 60% dos insetos, mas não nos mosquitos.
Pesquisas
e ensaios de campo ao longo dos últimos anos em países como Austrália,
Indonésia e Vietnã mostraram que injetar a bactéria em mosquitos reduz
significativamente a sua capacidade de espalhar o vírus.
Entre
os financiadores da iniciativa estão a Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional (Usaid), o governo britânico, a fundação de
caridade global Wellcome e a Fundação Bill e Melinda Gates.
"O
uso da Wolbachia para reduzir a transmissão de doenças transmitidas por
mosquitos tem o potencial de reduzir significativamente o impacto na saúde global
e o custo socioeconômico do zika e de outras infecções relacionadas, como a
dengue e a febre amarela", disse Mike Turner, diretor em exercício de
Ciência e chefe de Infecção e Imunobiologia da Wellcome.
"Esta
pesquisa é essencial, uma vez que irá ajudar a medir o impacto na saúde do
método Wolbachia em grandes áreas urbanas, onde estes tipos de surtos podem ter
impactos tão devastadores", acrescentou.
O
processo de inoculação de mosquitos Aedes aegypti, que transmite o vírus, com a
Wolbachia foi desenvolvido pelo Programa Eliminar a Dengue, uma colaboração
internacional de pesquisa sem fins lucrativos liderada pela Universidade de
Monash, na Austrália.
Ensaios
de campo em pequena escala começaram a ser realizados no Rio de Janeiro em 2014
e em Bello - subúrbio de Medellin, na Colômbia - em 2015.
Curiosamente,
a Wolbachia confere uma vantagem reprodutiva devido à chamada
‘incompatibilidade citoplasmática’: fêmeas com Wolbachia sempre geram filhotes
com Wolbachia no processo de reprodução, seja ao se acasalar com machos sem a
bactéria ou machos com a bactéria. E, quando as fêmeas sem Wolbachia se
acasalam com machos com a Wolbachia, os óvulos fertilizados morrem.
Quando as fêmeas sem Wolbachia se acasalam com machos com a Wolbachia, os óvulos fertilizados morrem. |
O
novo fundo vai "financiar a rápida ampliação das implantações de Wolbachia
na América Latina, a partir do início de 2017", disse um comunicado dos
financiadores.
"A
cobertura da Wolbachia será estendida por Bello e outras partes de Antioquia e
agora em partes da maior área do Rio de Janeiro", acrescentou.
Os
cientistas dizem que vão estudar as áreas ao longo dos próximos dois ou três
anos para determinar o impacto do programa na saúde humana, na esperança de que
as liberações reduzam significativamente novos casos de zika, dengue e
chikungunya.
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