Seu objetivo é
remover gradualmente os gases hidrofluorocarbonetos (HFCs), que são amplamente
utilizados em refrigeradores, condicionadores de ar e aerossóis e são
considerados muito prejudiciais para o meio ambiente.
Na verdade, em
termos práticos, o acordado na conferência em Ruanda fará com que futuros
refrigeradores sejam fabricados para usar menos gases que causam o efeito
estufa.
De acordo com o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PENUMA), os
hidrofluorocarbonetos são um dos maiores agentes geradores de efeito estufa e
têm uma vida atmosférica longa.
Os delegados que
estão na cidade africana aceitaram uma alteração complexa do Protocolo de
Montreal de 1987 que obriga os países mais ricos a reduzir a utilização de HFCs
a partir de 2019.
O secretário de
Estado dos Estados Unidos, John Kerry, que ajudou a concretizar o acordo
durante uma série de reuniões, disse que foi uma grande vitória para a Terra e
que estava confiante do impacto significativo na luta contra o aquecimento
global.
"Este é um
passo monumental que responde às necessidades das nações em particular e nos dá
a oportunidade de reduzir o aquecimento do planeta em meio grau
centígrado", disse Kerry em conversa com a BBC.
"Sinto-me
muito positivo sobre onde nós estamos. Nós fizemos todos os cálculos e todos se
sentem confiantes de que os fundamentos estão lá", disse.
"É uma
grande vitória para o clima. Demos um grande passo no sentido de concretizar as
promessas feitas em Paris em dezembro", disse o Comissário Europeu para a
Energia e Ambiente, Miguel Arias Cañete.
Ricos primeiro
O novo acordo será composto de três padrões para diferentes países, pois o objetivo é que as nações ricas reduzam a utilização de hidrofluorocarbonetos de forma mais rápida do que as pobres:- Economias mais desenvolvidas como as que integram a União Europeia e os Estados Unidos começarão a limitar a utilização de HFCs em poucos anos e a reduzir seu uso em pelo menos 10% a partir de 2019.
- Algumas nações em desenvolvimento como a China e países da América Latina congelarão o uso de HFCs a partir de 2024.
- Outras nações em desenvolvimento como a Índia, Paquistão, Irã, Iraque e os Estados do Golfo não congelarão seu uso até 2028.
- China, o principal fabricante de HFCs, não começará a reduzir sua produção ou uso até 2029.
- India começará a redução depois. Em 2032, se prevê que fará seu primeiro corte de 10%.
"É um dia
histórico, certamente," disse Durwood Zaelke, membro do Instituto para o
desenvolvimento sustentável e governabilidade (IGSD, na sigla em inglês),
organismo que tem participado das negociações desde o Protocolo de Montreal.
"Nós viemos
com a ideia de conseguir a redução intermediária e vamos partir de Kingali com
cerca de 90% das modificações feitas", disse o especialista.
Comprando tempo
Se o acordo for
implementado na íntegra, vai fazer uma grande diferença no que diz respeito ao
aquecimento global.
"Os
hidrofluorocarbonetos representam uma ameaça imediata para a segurança do clima
devido à sua crescente utilização e alto potencial de causar o aquecimento
global, que é milhares de vezes maior do que o dióxido de carbono", disse
Benson Ireri, conselheiro sênior da organização britânica de ajuda humanitária
Christian Aid.
"Ao acordar
uma redução inicial de hidrofluorocarbonetos, estamos comprando um pouco mais
de tempo para obter uma economia global de baixo carbono e para proteger as
pessoas mais vulneráveis do mundo", acrescentou.
O mercado
Os defensores
insistem que o acordo alcançado em Kigali vai ficar sobre o fundamento posto
pelo Acordo de Paris, que foi assinado por mais de 190 países e entrará em vigência
no início de novembro. O acordo foi firmado com o objetivo de limitar o aumento
da temperatura global a menos de 2 graus Celsius.
Também se
destacam as conquistas do Protocolo de Montreal, que em seus 30 anos de
história permitiu a eliminação de 100 gases fluorados.
A premissa é que
quando o regulamento for aprovado, a indústria desenvolva rapidamente
alternativas.
"O mercado
vai inundar a Índia (que tem um prazo de adaptação mais longo) e isso fará com
que o país faça a transição muito mais rapidamente do que tem sido
planejado", disse Durwood Zaelke.
"A
eliminação gradual sempre conduziu a uma transição no mercado, levando os retardatários
a se sentirem obrigados a se mover no ritmo do mercado."
Questionamentos
Mas alguns
críticos indicam que o compromisso teria um impacto menor do que o esperado.
Eles questionam
as concessões dadas para Índia e China, porque elas, em sua opinião,
enfraquecem o impacto global do acordo.
"Eles
precisavam chegar a um acordo aqui para que parecesse como legado de Obama. É
por isso que a delegação dos EUA tem sido muito agressiva para que China e
Índia a adiram ao acordo", disse Paula Tejon Carbajal, da ONG Greenpeace
International.
"É um passo
na direção (redução) de 0,5 grau, mas ainda não foi alcançado. Eles dizem que o
mercado vai trabalhar para nos levar até lá, mas nós não estamos lá
ainda", acrescentou.
Nas primeiras
horas do sábado havia um certo sentimento de júbilo entre os delegados quando o
negócio foi anunciado.
"É muito
importante o que aconteceu", disse um participante, "mas poderia ter
sido maior."
O que é o efeito estufa?
O efeito
estufa é um fenômeno atmosférico natural que mantém a temperatura da Terra, ao
reter parte da energia do sol. O aumento da concentração de dióxido de carbono
(CO2) a partir da queima de combustíveis fósseis levou à intensificação do
fenômeno e ao consequente aumento da temperatura global, o derretimento do gelo
polar e o aumento do nível do mar.
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