Segundo o grupo de pesquisadores, esta lua
poderá se tornar alvo de futuras missões à procura de vida
no espaço, já que Dione é um ambiente propício à vida
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O time de corpos
celestes que contém água aumentou nessa semana que passou e a descoberta não
foi em uma nuvem protoestelar nos confins do universo. Pelo contrário, o caso
agora é aqui pertinho em Dione.
Dione é umas das
inúmeras luas de Saturno, foi descoberta em 1684 e tem por volta de 550 km de
raio. A missão Voyager e a mais recente Cassini mostraram uma superfície
desolada, com muitas rachaduras e crateras. Curiosamente, um dos lados da
pequena lua é dominado pelas crateras e o seu lado oposto, é dominado pelas
rachaduras, que formam penhascos e extensos cânions.
Até agora, os
astrônomos descreviam Dione como sendo constituído por uma grossa camada de
gelo envolvendo um pequeno núcleo rochoso. Outra coisa interessante é que a
sonda Cassini encontrou uma “atmosfera” de oxigênio molecular próximo à
superfície da pequena lua. Atmosfera entre aspas, pois a quantidade encontrada
é ridícula, pois não daria para contar 100 moléculas em um litro desse gás. Que
aliás deve conter vapor d’água também, mas que não foi possível detectar. Mesmo
sem conseguir a detecção, a destruição da molécula de água é apontada como a
causa da existência desse oxigênio todo. De acordo com o modelo para a
composição de Dione, estaria tudo bem, pois gelo é que não faltaria.
Lua de Saturno é um dos astros que possivelmente
habitariam vida fora da Terra Reprodução Internet
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Mas, parece que
falta sim.
A sonda Cassini
orbita o sistema de Saturno e volta e meia realiza rasantes em uma de suas luas
para obter dados mais precisos. Durante esses rasantes, os dados são acumulados
e depois enviados à Terra e eles trazem muitas informações “escondidas”.
Por exemplo, as
ondas de rádio que transmitem as imagens obtidas pelas câmeras da Cassini
sofrem com a influência da gravidade da pequena lua. Ela pode ser pequena, mas
tem massa. As pequenas alterações detectadas entre o tempo de chegada das ondas
e do tempo previsto para elas chegarem, dá a informação precisa da massa do
objeto mais próximo, no caso Dione. Esse método é baseado na Teoria da
Relatividade de Einstein e é usado para justamente estimar a massa de um objeto
visitado por uma sonda.
Com uma boa estimativa da massa, é possível chegarmos à densidade do material que constitui o corpo através da medida de seu volume. Com o valor da densidade dá para identificar o material por comparação com valores tabelados. Tudo isso é fácil quando lidamos com objetos que tenham apenas um material, mas é possível fazer modelos que envolvam misturas de vários componentes que reproduzam os resultados dos dados.
Analisando-se os dados de Dione, um trio de pesquisadores da Bélgica percebeu que uma mistura de pouca rocha e muito gelo não conseguia reproduzir os efeitos verificados nos dados da Cassini. Nem em observações precisas dos movimentos de Dione. Com isso, passaram a testar diferentes quantidades desses mesmo ingredientes.
Com uma boa estimativa da massa, é possível chegarmos à densidade do material que constitui o corpo através da medida de seu volume. Com o valor da densidade dá para identificar o material por comparação com valores tabelados. Tudo isso é fácil quando lidamos com objetos que tenham apenas um material, mas é possível fazer modelos que envolvam misturas de vários componentes que reproduzam os resultados dos dados.
Analisando-se os dados de Dione, um trio de pesquisadores da Bélgica percebeu que uma mistura de pouca rocha e muito gelo não conseguia reproduzir os efeitos verificados nos dados da Cassini. Nem em observações precisas dos movimentos de Dione. Com isso, passaram a testar diferentes quantidades desses mesmo ingredientes.
O modelo que
melhor reproduzia os dados que eles tinham de Dione inclui, além do gelo e da
rocha, um oceano de água! Com água no lugar do gelo, a maneira como a pequena lua
executa seus movimentos é diferente e o problema se tornou ajustar a razão
entre água e gelo.
De acordo com
Mikael Beuthe, do Observatório Real da Bélgica, Dione teria uma camada de 100
km de espessura que protegeria um oceano global com 65 km de espessura. Isso
tudo envolvendo um núcleo rochoso com 330 km de raio, mais ou menos. Dione
teria a mesma estrutura de sua irmã famosa Encélado, que teria uma camada de
gelo envolvendo um oceano também, mas numa escala muito mais reduzida, já que
seu tamanho é bem menor. Tanto em Dione, quanto em Encélado, os modelos mostram
que no polo sul a camada de gelo se estreita bastante e no caso da última lua,
gêiseres foram avistados pelas sondas que por lá passaram. Em Dione isso parece
difícil, já que ela é bem maior, mas ainda assim, nessa região, fraturas na
camada de gelo poderiam permitir que água fluísse para fora,
Vivo repetindo
que onde há água pode haver vida, então por que não em Dione?
Sim, Beuthe e
seus colegas chamaram a atenção para o fato da crosta de gelo ser tão espessa.
Isso faria uma blindagem excelente contra a radiação espacial, fazendo esse
oceano um local seguro para a vida de microorganismos. Além de garantir uma
estabilidade muito grande ao longo de muito tempo, ou seja, a blindagem estaria
menos sujeita a rompimentos.
Com isso Dione
se torna o mais novo membro do ‘clube do oceano’ como Beuther e seus amigos
falaram em uma entrevista. Esse clube restrito tem como membros Europa,
Ganimede e Calisto (luas de Júpiter), Encélado, Dione e Titã (luas de Saturno,
sendo que em Titã os oceanos são de hidrocarbonetos) e quem sabe Plutão.
Tirando o planeta anão, todos outros corpos celestes já estão na mira de
possíveis missões para investigar a possibilidade de haver vida. Que não demore
muito!
Imagem: NASA
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