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terça-feira, 25 de outubro de 2011

NOVAS SUPRAMOLÉCULAS PODEM ACABAR COM O EFEITO ESTUFA

Investigadores desenvolvem novos materiais para remover CO2 e CH4 da atmosfera
A preocupação com os gases responsáveis pelo efeito estufa não é recente, nem a sua sequestração; por isso mesmo, os materiais inorgânicos utilizados para o efeito já se começam a acumular em armazéns. Uma equipe interdisciplinar de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) pretende iniciar um novo paradigma em química ambiental com a criação de super moléculas organometálicas. O projeto já está sendo implantado.
A investigação destina-se à geração de novos materiais capazes de sequestrar da atmosfera dois dos principais gases do efeito estufa – o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) – e poderá ser “decisiva para diminuir o aquecimento global do planeta”.
Abílio Sobral, investigador.
Segundo Abílio Sobral, coordenador do estudo, explicou ao jornal «Ciência Hoje», “o sequestro de CO2 tem sido feito com materiais inorgânicos, tal como silicato, entre outros, e a ideia é agora desenvolver novas moléculas, com propriedades únicas, para gerar novos materiais que, não só absorvem o CO2 e o CH4, como ainda os podem transformar em produtos de valor acrescentado” – nomeadamente em metanol (para a produção de biocombustível) e ácido fórmico, muito utilizado na química industrial (na produção de papel ou espuma).
Nesta fase, a equipe está centrada no desenvolvimento de porfirinas, moléculas orgânicas da família da clorofila (formadas por anéis pirrólicos ligados entre si) e biodegradáveis. Entretanto, os investigadores pretendem obter uma “impressão digital” destas super moléculas (por serem muito grandes), um processo complexo que exigiu a aquisição de equipamento específico – espectrometria de massa multidimensional – apropriado para desdobrar a molécula e os seus fragmentos.
Protótipo em até dois anos
“Dentro de um ou dois anos prevemos já ter um protótipo no mercado”, adiantou Abílio Sobral. Será, então, com base no conjunto de informação fornecida pela “impressão digital” que os investigadores vão produzir novas porfirinas com as propriedades ideais para a sequestração de gases na atmosfera.
“Temos de sintetizar moléculas capazes de coordenar e conjugar carbono em dois estados de oxidação diferentes. E como estamos trabalhando com fases sólidas e gasosas, descobrir a metodologia para as fazerem reagir, no momento exato, com a velocidade ideal, na direção certa, é um trabalho científico de grande complexidade”, refere também o comunicado.
Recorde-se que “o CO2 é considerado lixo ambiental e agora poderá ser transformado de reagente de partícula para outra coisa”, referiu. Os ecossistemas que absorvem CO2 e CH4 “estão no limite da sua capacidade e a situação pode sofrer um colapso repentino, de consequências imprevisíveis, tornando-se urgente preparar novos materiais para sequestrar os gases de efeito estufa e transformá-los em produtos de valor acrescentado”, asseverou ainda o especialista em química orgânica.

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