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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PESQUISADOR DA UENF DESENVOLVE MÉTODOS DE CONTROLE PARA FORMIGAS SAÚVAS


Encontradas exclusivamente nas regiões tropicais e subtropicais das Américas, as formigas cortadeiras dos gêneros Atta e Acromyrmex – conhecidas popularmente como saúvas e quenquéns – são uma das pragas que mais afetam a agricultura no Brasil, diminuindo a produtividade. No município fluminense de Campos de Goytacazes, o zoólogo Richard Ian Samuels, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, coordena o desenvolvimento de dois métodos de controle desses insetos, que atacam muitas espécies de plantas cultivadas, cortando folhas e ramos.
Pesquisas na Uenf propõem alternativas de controle das formigas
  cortadeiras, uma das maiores pragas da agricultura nacional
O primeiro estudo em curso no Laboratório de Entomologia e Fitopatologia da Uenf, contemplado pelo edital de Apoio à Infraestrutura de Biotérios, da Fundação, propõe uma alternativa ecologicamente correta para o combate às formigas cortadeiras. Em vez de formicidas químicos, que são perigosos para o meio ambiente e para quem aplica o veneno, entra em cena o controle biológico, com base nos patógenos naturais das formigas. Para isso, o professor Richard Samuels investiga uma forma de utilizar um fungo entomopatogênico como uma arma de infecção às formigas.
 Trata-se do fungo Metarhizium anisopliae. Trocando em miúdos, ele pode ser um bom aliado na guerra contra as formigas porque tem a capacidade de penetrar em seus tegumentos (espécie de armadura que envolve o corpo do inseto) e colonizar o interior de seu organismo, causando morte por infecção em cerca de três dias. Mas existe um porém. Para o fungo agir como um mecanismo de controle às formigas cortadeiras, ele precisa vencer as bactérias da espécie Pseudonocardia, que atuam como verdadeiras amigas das formigas, formando uma barreira imunológica de defesa e inibindo a ação do fungo.  
A estratégia adotada por Samuels é desenvolver um modo de furar o bloqueio das defesas das formigas contra a infecção pelos fungos. Para isso, ele vem coordenando testes no Laboratório de Entomologia e Fitopatologia da Uenf. “As formigas usam as bactérias Pseudonocardia como um escudo para se defender dos fungos. Por isso, estamos testando no laboratório o uso de antibióticos para reduzir essa barreira imunológica e permitir que o fungo tome conta do ninho”, resume o pesquisador.
Os resultados dos testes laboratoriais foram animadores e renderam uma publicação recentemente aceita na renomada revista britânica Biology Letters. “O tratamento com antibiótico gentamicina visualmente reduziu a população de bactérias no tegumento das formigas observadas e as tornou mais suscetíveis à infecção pelo fungo, com mortalidade de 47,7%. Isso mostra a importância das bactérias Pseudonocardia na defesa contra patógenos das próprias formigas”, detalha o professor.
Samuels dá continuidade à pesquisa para, no futuro, definir melhor uma solução para o biocontrole das formigas cortadeiras no campo e colocá-la à disposição do mercado. “Até o momento, ainda não foi encontrada uma estratégia de controle biológico eficiente para as formigas cortadeiras, por causa dos seus mecanismos naturais de defesa. Nesse sentido, as perspectivas de trabalho abertas pela pesquisa são um avanço”, justifica o zoólogo.
Nova linha para o controle químico das formigas
O segundo estudo coordenado pelo professor Richard Ian Samuels, que está em andamento na Uenf e foi contemplado pela FAPERJ no edital de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional do Rio de Janeiro (DCTR), tem como meta verificar a possibilidade de implementação de uma nova forma de controle químico das formigas cortadeiras: a aplicação de iscas líquidas ou em gel. Atualmente, o controle químico destes insetos é feito, principalmente, com iscas sólidas.
Formiga morta pelo fungo  Metarhizium anisopliae, em 
 experimento de controle biológico: alternativa ecológica. UENF/Divulgação
Mas estas apresentam eficiência reduzida, devido à dificuldade de ingestão do veneno pelas formigas, que só ingerem substâncias líquidas.
Dessa vez, a proposta é aproveitar o mecanismo de troca de alimentos líquidos pelas formigas, denominado trofalaxia oral. Nesse processo, uma formiga transfere para outra o alimento que ingeriu primeiramente e se encontra dentro do seu próprio papo, por regurgitação. “Por causa da trofalaxia, a isca líquida ou em gel é mais facilmente transmitida de uma formiga para outra do que uma isca sólida, que tem efeito restrito àquela formiga que ingeriu a isca. Por isso, estamos testando no laboratório algumas formulações para o desenvolvimento de um veneno líquido ou em gel”, explica Samuels. “A ideia é que uma formiga transmita o veneno para a outra sucessivamente, até que a rainha seja contaminada e, então, o ninho entre em colapso em poucas semanas”, completa.
Outra questão é que as iscas sólidas disponíveis no mercado, atualmente, têm como princípio ativo a sulfuramida, considerado altamente tóxico para o meio ambiente e para o responsável pelo manuseio e aplicação do produto. “O governo federal vai proibir o uso da sulfuramida na aplicação de iscas sólidas a partir de 2012. Daí a urgência para o desenvolvimento de outras alternativas de iscas”, destaca Samuels. O segundo trabalho ainda não chegou aos resultados finais, mas já aponta para um caminho interessante no combate à praga das formigas cortadeiras. “Este projeto é capaz de gerar patentes para novas formulações de iscas químicas e, futuramente, poderemos fechar parcerias com empresas de produtos agrícolas”, prevê. 
Participam da equipe coordenada pelo professor Richard Ian Samuels as técnicas de nível superior Denise Dolores Oliveira Moreira (do quadro permanente da Uenf) e Verônica de Morais (bolsista de Apoio Técnico da FAPERJ), além do aluno de mestrado da Uenf Thalles Cardoso Mattoso.
Fonte; FAPERJ/ Débora Motta

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