Uma equipe internacional de cientistas na Itália, estudando os mesmos neutrinos que alguns de seus colegas dizem parecer ter se deslocado a velocidades superiores à da luz, rejeitou a polêmica constatação neste final de semana, afirmando que seus testes determinaram que os resultados devem estar incorretos.
O anúncio da descoberta, em setembro, sustentado por novos estudos divulgados na semana passada, causou agitação no mundo científico porque parecia sugerir que as ideias de Albert Einstein sobre a relatividade, e boa parte da física moderna, se baseavam em uma premissa errônea.
A primeira equipe, responsável pela experiência OPERA, no laboratório Gran Sasso, ao sul de Roma, anunciou ter registrado que neutrinos transmitidos à instalação do centro de pesquisa CERN, na Suíça, haviam chegado lá 60 nanossegundos mais cedo do que um raio de luz teria chegado.
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Cientista do projeto OPERA, que mediu neutrinos "mais rápidos do que a luz" (Foto Reuters) |
Mas os cientistas do ICARUS, outro projeto do Gran Sasso -um laboratório subterrâneo operado pelo Instituto Nacional de Física Nuclear italiano em uma cadeia de montanhas próxima da capital da Itália- agora argumentam que suas mensurações da energia dos neutrinos ao chegar contradizem a leitura dos colegas.
Em estudo publicado no sábado no mesmo site que divulgou os resultados do Opera (arxiv.org/abs/1110.3763v2), a equipe do ICARUS afirma que suas constatações "refutam uma interpretação supraluminar (mais rápida que a luz) dos resultados do OPERA".
Eles argumentam, com base em estudos recentemente publicados por dois importantes físicos norte-americanos, que os neutrinos transmitidos do CERN, perto de Genebra, teriam perdido a maior parte de sua energia se tivessem se deslocado a velocidade superior à da luz, mesmo que por margem ínfima.
Mas na verdade, dizem os cientistas do ICARUS, o feixe de neutrinos testado por seus equipamentos registrou um espectro de energia correspondente ao que deveria exibir caso as partículas estivessem se deslocando no máximo à velocidade da luz.
O físico Tomasso Dorigo, que trabalha no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), e no Fermilab, laboratório nuclear norte-americano perto de Chicago, afirmou em texto no site Scientific Blogging que o estudo do ICARUS era "muito simples e definitivo".
Segundo ele, o estudo determinou que "a diferença entre a velocidade dos neutrinos e a da luz não podia ser tão grande quanto a observada pelo OPERA, e era certamente menor por três ordens de magnitude, e compatível com zero."
NOTA: A energia medida exatamente esperada para os neutrinos é a velocidade da luz, e nada mais, além disto.
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