Essa não é uma lista agradável, mas na pior das hipóteses, é útil. Não desejo que ninguém encontre uma cobra peçonhenta por aí, mas pelo menos agora você vai saber reconhecer as piores delas. Confira:
Cascavel
Cascavel
Cascavel |
A cascavel é facilmente identificável pelo chocalho na ponta de sua cauda. Elas fazem parte da família da jararaca. Única serpente das Américas dessa lista, a cascavel representa bem seu continente. Surpreendentemente, os filhotes são considerados mais perigosos do que os adultos, devido à sua incapacidade de controlar a quantidade de veneno injetado. A maioria das espécies de cascavel tem veneno hemotóxico, que destrói tecidos, órgãos e causa coagulopatia (interrompe a coagulação do sangue). Cicatrizes permanentes são muito prováveis no caso de uma picada venenosa. Mesmo com tratamento imediato, sua mordida pode levar à perda de um membro ou à morte. Dificuldade em respirar, paralisia, salivação e hemorragias também são sintomas comuns. Mordidas de cascavel, especialmente de espécies maiores, são muitas vezes fatais. No entanto, antiveneno, quando aplicado a tempo, reduz a taxa de mortalidade para menos de 4%.
Cobra-da-morte
Cobra-da-morte
Cobra-da-morte |
Apropriadamente chamada cobra-da-morte, a espécie é encontrada na Austrália e Nova Guiné. Ela caça e mata outras serpentes, inclusive algumas dessa lista, geralmente através de emboscada. Parece bastante com as víboras, já que tem cabeça em formato triangular e corpos pequenos e achatados. Normalmente, injeta em torno de 40 a 100mg de veneno nas vítimas. Uma mordida não tratada da cobra-da-morte é uma das mais perigosas do mundo. O veneno é uma neurotoxina; uma picada provoca paralisia e pode causar a morte dentro de 6 horas, devido à insuficiência respiratória. Os sintomas geralmente alcançam seu auge em 24 a 48 horas depois do ataque. Antiveneno é muito bem sucedido no tratamento de sua mordida, particularmente devido à progressão relativamente lenta dos sintomas. Antes de desenvolvimento do antiveneno, uma mordida da cobra-da-morte tinha uma taxa de letalidade de 50%. Com o ataque mais rápido no mundo, a cobra-da-morte pode ir do chão à posição de ataque (e voltar) dentro de 0,13 segundos.
Víboras
Víbora serrilhada |
Elas são encontradas em quase todo o mundo, mas sem dúvida a mais venenosa é a víbora serrilhada e a víbora de Russel, encontradas principalmente no Oriente Médio e na Ásia Central (especialmente Índia, China e Sudeste Asiático). Víboras são rápidas e geralmente noturnas, muitas vezes ativas após chuvas. A maioria das espécies tem veneno que causa dor no local da picada, seguido imediatamente de inchaço do membro afetado. A hemorragia é um sintoma comum, especialmente a partir da gengiva. Há uma queda da pressão arterial e da frequência cardíaca. Bolhas ocorrem no local da picada. A necrose é geralmente superficial e limitada aos músculos perto da mordida, mas pode ser severa em casos extremos. Vômito e inchaço facial ocorrem em aproximadamente um terço dos casos. A dor severa pode durar de 2 a 4 semanas. Descoloração pode ocorrer em toda a área inchada, além de extravasamento de plasma para o tecido muscular. A morte por septicemia, insuficiência respiratória ou cardíaca pode ocorrer entre 1 e 14 dias após a mordida, ou mesmo mais tarde.
Naja
Naja
Naja |
A maioria das espécies de naja não entraria nessa lista, mas a cobra cuspideira das Filipinas do Norte é a exceção. Seu veneno é o mais mortal de todas as espécies de naja, e elas são capazes de cuspi-lo até 3 metros longe. O veneno é uma neurotoxina que afeta a função cardíaca e respiratória, e pode causar neurotoxicidade, paralisia respiratória e morte em 30 minutos. Sua picada provoca apenas danos mínimos no tecido. Os sintomas podem incluir dores de cabeça, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia, tontura, desmaio e convulsões.
Serpente-tigre
Serpente-tigre
Serpente-tigre |
Encontrada na Austrália, essa cobra tem um veneno neurotóxico muito potente. A morte por mordida de serpente-tigre pode ocorrer dentro de 30 minutos, mas normalmente leva 6 a 24 horas. Antes do desenvolvimento de um antídoto, a taxa de mortalidade de serpentes-tigre era de 60 a 70%. Os sintomas podem incluir dor localizada na região do pé e pescoço, formigamento, dormência e sudorese seguida por dificuldades respiratórias e paralisia. Essa cobra geralmente foge se encontrada, mas pode se tornar agressiva quando encurralada. Ataca com precisão infalível.
Mamba-preta ou Mamba-negra
Mamba-preta ou Mamba-negra
Mamba Preta ou Mamba Negra |
A mamba-preta é encontrada em muitas partes do continente africano. Elas são conhecidas por sua agressividade e ataque de precisão mortal. Elas também são as cobras terrestres mais rápidas do mundo, capazes de atingir velocidades de até 20 km/h. Podem atacar 12 vezes seguidas. Uma única mordida é capaz de matar entre 10 e 25 adultos. Seu veneno é uma neurotoxina de ação rápida. A mordida fornece cerca de 100 a 120 mg de veneno, em média, no entanto pode fornecer até 400 mg. Se o veneno atingir uma veia, 0,25 mg/kg é suficiente para matar um ser humano em 50% dos casos. O sintoma inicial da picada é dor local na área da mordida, embora não tão grave quanto de cobras com venenos hemotóxicos. A vítima experimenta uma sensação de formigamento na boca e extremidades, visão dupla, confusão, febre, salivação excessiva (incluindo espuma na boca e no nariz) e ataxia acentuada (falta de controle muscular). Se a vítima não receber atenção médica, os sintomas progridem rapidamente para graves dores abdominais, náuseas e vômitos, palidez, choque, nefrotoxicidade, cardiotoxicidade e paralisia. Eventualmente, a vítima experimenta convulsões, parada respiratória, coma e morte. Sem antiveneno, a taxa de mortalidade da cobra é de quase 100%, entre os mais altos de todas as serpentes venenosas. Dependendo da natureza da picada, a morte pode vir entre 15 minutos e 3 horas.
Taipan
Taipan
Taipan |
Essa cobra da Austrália tem um veneno forte o suficiente para matar até 12.000 porquinhos-da-índia. Já foi comparada a mamba-preta africana na morfologia, ecologia e comportamento. Seu veneno coagula o sangue da vítima, bloqueando as artérias ou veias. Também é altamente neurotóxico. Antes do desenvolvimento de antídotos, não havia sobreviventes conhecidos de uma picada de Taipan. A morte ocorre tipicamente dentro de uma hora. Mesmo com o sucesso na administração de um antiveneno, a maioria das vítimas tem uma estadia extensa em cuidados intensivos.
Krait malasiana
Krait malasiana
Krait malasiana |
Encontrada em todo o sudeste da Ásia e da Indonésia, mesmo com antiveneno, 50% das mordidas dessa cobra são fatais. Antes do desenvolvimento de um antídoto, sua letalidade era de 85%. Kraits caçam e matam outras serpentes, mesmo canibalizando outras Kraits. Elas são uma raça noturna, e são mais agressivas sob a escuridão. No entanto, em geral são muito tímidas e preferem se esconder a lutar. Seu veneno é uma neurotoxina, 16 vezes mais potente que o de uma naja. Rapidamente induz a paralisia muscular, seguida por um período de enorme excesso de excitação (câimbras, tremores, espasmos), que finalmente termina em total paralisia. Felizmente, picadas de Kraits são raras devido à sua natureza noturna. Mesmo que o antiveneno for administrado a tempo, a pessoa está longe da sobrevivência garantida. A morte geralmente ocorre dentro de 6 a 12 horas. Mesmo se o paciente chegar ao hospital, levando em consideração o tempo desse transporte, coma permanente e até mesmo morte cerebral por hipóxia podem ocorrer.
Cobra marrom
Cobra marrom
Cobra marrom |
Como muitas outras, a cobra marrom também prefere morar na Austrália (pensando duas vezes antes de ir pra lá, não?). Não deixe seu nome inócuo lhe enganar: cerca 1/500 gramas de seu veneno é suficiente para matar um ser humano adulto. De sua espécie, é a mais venenosa. Mesmo filhotes podem matar um ser humano. Ela se move rapidamente, podendo ser agressiva em certas circunstâncias. Houve casos em que perseguiu seus agressores e os atacou repetidamente. Seu veneno contém neurotoxinas e coagulantes de sangue. Felizmente para os seres humanos, menos da metade de suas picadas contém veneno, e elas preferem não morder se possível. Apenas reagem ao movimento, então fique muito parado se encontrá-la alguma vez na vida.
Cobra-de-barriga-amarela ou taipan-do-interior
Cobra-de-barriga-amarela ou taipan-do-interior
Cobra-de-barriga-amarela ou taipan-do-interior |
Essa espécie tem o veneno de cobras terrestres mais tóxico do mundo. A produção máxima registrada por uma mordida é de 110mg, o suficiente para matar cerca de 100 seres humanos, ou 250.000 ratos. Ela é 10 vezes mais venenosa que a cascavel, e 50 vezes mais venenosa do que a naja comum. Felizmente, a taipan-do-interior não é particularmente agressiva e é raramente encontrada pelo homem na natureza. Nenhuma fatalidade já foi registrada, embora ela pudesse matar um ser humano adulto em 45 minutos.
Serpente marinha de bico
Serpente marinha de bico
Serpente marinha de bico |
Essa cobra marinha é encontrada nas águas do sudeste asiático e na Austrália setentrional. É a serpente mais venenosa conhecida do mundo: alguns miligramas de seu veneno são fortes o suficiente para matar 1.000 pessoas. Porém, menos de um quarto de suas mordidas contém veneno; elas são relativamente dóceis. Pescadores são geralmente as vítimas dessas picadas, quando encontram as espécies em redes lançadas ao mar.
Sobre as Cobras marinhas
As cobras marinhas são descendentes conhecidas das cobras terrestres australianas, que evoluíram para répteis aquáticos. Elas vivem apenas nos oceanos tropicais, especialmente no Oceano Índico e no oeste do Oceano Pacífico, e 32 espécies foram encontradas nas águas da Grande Barreira de Corais. São razoavelmente grandes, mas poucas excedem os dois metros de comprimento. Apesar de morder apenas se for provocada, seu veneno costuma ser mais tóxico do que o das cobras terrestres, por isso ela é o animal mais perigoso de todos. A maioria das cobras marinhas consegue produzir de 10 a 15 miligramas de veneno por vez, sendo que uma dose fatal é de apenas 1,5 mg! Felizmente, já existe soro antiofídico contra todos os venenos de cobra, por isso as mortes humanas raramente acontecem.
Jararaca Ilhoa - Bothrops insularis
Sobre as Cobras marinhas
As cobras marinhas são descendentes conhecidas das cobras terrestres australianas, que evoluíram para répteis aquáticos. Elas vivem apenas nos oceanos tropicais, especialmente no Oceano Índico e no oeste do Oceano Pacífico, e 32 espécies foram encontradas nas águas da Grande Barreira de Corais. São razoavelmente grandes, mas poucas excedem os dois metros de comprimento. Apesar de morder apenas se for provocada, seu veneno costuma ser mais tóxico do que o das cobras terrestres, por isso ela é o animal mais perigoso de todos. A maioria das cobras marinhas consegue produzir de 10 a 15 miligramas de veneno por vez, sendo que uma dose fatal é de apenas 1,5 mg! Felizmente, já existe soro antiofídico contra todos os venenos de cobra, por isso as mortes humanas raramente acontecem.
Jararaca Ilhoa - Bothrops insularis
Cobra Jararaca Ilhoa - Nome científico Bothrops insularis |
O desenvolvimento dessa espécie se deu por causa do isolamento geográfico a que foi submetida desde a época da glaciação da Terra, há uns 10 000 anos. Quando as águas do degelo cobriram grandes extensões de terra, formaram-se várias ilhas, como essa. A maioria dos animais migrou para o continente. Os demais, impossibilitados de nadar, ficaram confinados, sobreviveram apenas aqueles que puderam se adaptar às condições da ilha.
Presa numa ilha rochosa onde o alimento se resume a aves, a jararaca passou a subir em árvores, o que não é natural para as espécies do continente. Seu veneno tornou-se mais potente para garantir a morte imediata da presa que, se demorasse para morrer, poderia acabar no mar. A cor da pele da cobra tornou-se menos vistosa: ocre uniforme, que varia até um marrom claro, chamando pouca atenção.
Não é à toa que ninguém mais mora lá desde 1918, quando a marinha automatizou o farol da ilha. Até então, apesar da inexistência de água potável (os animais bebem apenas a água da chuva), havia sempre um faroleiro com sua família na Queimada Grande. Mas os sucessivos relatos de acidentes fatais com cobras inviabilizaram o farol manual e chamaram a atenção dos biólogos do Instituto Butantã, que intensificaram as viagens à ilha a partir de 1984, tendo a primeira pesquisa científica neste viveiro natural para o estudo desse estranho fenômeno biológico, se deu em 1914, mas somente em 1920 foi possível um estudo mais detalhado da espécie por Afrânio do Amaral, do Instituto Butantã.
Presa numa ilha rochosa onde o alimento se resume a aves, a jararaca passou a subir em árvores, o que não é natural para as espécies do continente. Seu veneno tornou-se mais potente para garantir a morte imediata da presa que, se demorasse para morrer, poderia acabar no mar. A cor da pele da cobra tornou-se menos vistosa: ocre uniforme, que varia até um marrom claro, chamando pouca atenção.
Não é à toa que ninguém mais mora lá desde 1918, quando a marinha automatizou o farol da ilha. Até então, apesar da inexistência de água potável (os animais bebem apenas a água da chuva), havia sempre um faroleiro com sua família na Queimada Grande. Mas os sucessivos relatos de acidentes fatais com cobras inviabilizaram o farol manual e chamaram a atenção dos biólogos do Instituto Butantã, que intensificaram as viagens à ilha a partir de 1984, tendo a primeira pesquisa científica neste viveiro natural para o estudo desse estranho fenômeno biológico, se deu em 1914, mas somente em 1920 foi possível um estudo mais detalhado da espécie por Afrânio do Amaral, do Instituto Butantã.
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