Um
estudo realizado ao longo de dez anos sobre as geleiras da Groenlândia sugere
que elas podem estar derretendo mais lentamente do que se pensava, e sendo
assim, a elevação do nível do mar seria menos pronunciada do que o previsto nos
piores cenários, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira.
A
rapidez no derretimento das geleiras depende, em grande medida, da rapidez com
que estes se movem, demonstrou a pesquisa publicada na revista Science, que
mostra que este fenômeno levaria a um aumento de 0,8 metro do nível do mar em
2100 e não de dois metros, como alguns cientistas afirmaram anteriormente.
Os
cientistas examinaram dados coletados entre 2000 e 2011 de satélite de Canadá,
Alemanha e Japão, e descobriram que as maiores geleiras da Groenlândia, que
terminam em terra firme, se movem mais lentamente, entre 9 e 100 metros por
ano.
As
geleiras que terminaram em plataformas de gelo se movem mais rapidamente, de
305 metros a 1,6 quilômetro por ano.
"Até
agora, estamos vendo um aumento da velocidade, em média, de cerca de 30% em 10
anos", disse a principal autora do estudo, Twila Moon, doutoranda da
Universidade de Washington.
Geleiras
perto de um fiorde na Groenlândia, em agosto de 2007
Foto de
Michael Kappeler/AFP/Arquivo
|
As
geleiras que se movem mais rapidamente liberam mais gelo e água de degelo nos
oceanos do que os que se movem lentamente.
Moon
decidiu fazer seu estudo em face da grande variação das estimativas anteriores
sobre a velocidade de derretimento das geleiras da Groenlândia, que calculam de
10 a 48 centímetros de aumento no nível do mar até 2100.
Segundo
ela, uma boa compreensão do que acontece é necessária para entender os efeitos
das mudanças climáticas.
No
entanto, embora o estudo tenha esclarecido como as geleiras se movem e derretem
segundo diferentes velocidades, ainda restam muitas perguntas sobre como isto
pode afetar o nível do mar nas décadas futuras.
"Faz-se
a advertência de que um estudo de 10 anos é muito breve para entender realmente
o comportamento a longo prazo", argumentou o co-autor do estudo, Ian
Howat, professor assistente da Ohio State University.
"Assim,
poderiam ocorrer eventos futuros - pontos de inflexão - que fariam com que a
velocidade (de derretimento) das geleiras continuasse aumentando",
acrescentou.
"Ou
talvez algumas das grandes geleiras no norte da Groenlândia, que ainda não
mostraram nenhuma mudança, comecem a acelerar sua velocidade (de derretimento),
o que aumentaria a taxa de elevação do nível do mar", informou.
A
pesquisa foi financiada pela agência espacial americana (Nasa) e pela Fundação
Nacional de Ciência dos Estados Unidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário