Cientistas querem introduzir
no Panamá mosquitos geneticamente modificados por uma empresa britânica para
combater o inseto transmissor da dengue, informou nesta quarta-feira Néstor
Sousa, diretor do Instituto Comemorativo Gorgas de Estudos de Saúde, com sede
no Panamá.
Os mosquitos OGM (organismos
geneticamente modificados) introduzidos seriam machos que competiriam com seus
congêneres pelas fêmeas, cuja descendência morreria por não conseguir
sobreviver à fase de larva na água, a menos que recebam um suplemento nutritivo.
Esta característica
corresponde a um gene introduzido em laboratório pela empresa de biotecnologia
britânica Oxytec. Este processo tecnológico, ainda em fase de estudo e para o
qual foram realizadas experiências em Brasil, Malásia e Ilhas Caiman, têm
efeitos adversos teóricos, mas nenhum real, afirmou Sousa, nesta quarta-feira,
durante uma conferência.
Mas a técnica e a
modificação genética geram muitos temores entre grupos de ecologistas, ainda mais
porque até o momento não há autorizações para este tipo de prática e os
projetos para compra dos mosquitos OGM da Oxytec devem aguardar autorizações
oficiais.
Sousa tenta tranquilizar os
críticos. "Os efeitos adversos teóricos existem, mas não há um risco
real", insistiu, acrescentando que este método de controle é "mais
seguro para o ambiente" do que os inseticidas.
Trata-se de "uma nova
tecnologia para controlar as populações de mosquitos 'Aedes aegypti' (...),
ficou demonstrado que se você libera estes mosquitos machos, periodicamente a
população diminui", disse Sousa.
Mosquitos “Aedes aegypti” transmissor da
dengue, manipulados em laboratório da Martinica,
em setembro de 2010 - Foto de
Patrice Coppee/AFP/Arquivo
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Além disso, assegurou que
não há impacto ecológico ao eliminar o 'Aedes aegypti' porque os mosquitos
podem fazer "suas mesmas funções" no ecossistema.
A tecnologia RIDL, da
Oxytec, é uma variação melhorada da Técnica do Inseto Estéril, usada no Panamá
há vários anos para controlar a bicheira ('Cochliomyia hominivorax').
Nesta técnica, machos
"estéreis" são liberados para acasalar com fêmeas silvestres,
reduzindo o êxito reprodutivo destas fêmeas. Repetidas liberações levam,
portanto, à supressão da população silvestre.
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