Martin Hall usa insetos para ajudar a descobrir assassinos |
Fãs
de séries policiais americanas, como CSI, já conhecem um pouco sobre a
entomologia forense, o campo da ciência que usa insetos para ajudar a
solucionar crimes.
Para
o britânico Martin Hall foi preciso um certo período de adaptação entre o seu
emprego no Museu de História Nacional de Londres, onde pesquisava doenças e sua
ligação com insetos, e as horríveis cenas e cheiros com as quais teve de lidar
quando foi trabalhar para a polícia pela primeira vez, em 1992.
Os
restos mortais de uma jovem mulher foram encontrados em uma floresta, em
Dorset, no sul da Inglaterra, e Hall foi chamado para ajudar nas investigações.
"Eu
me vi, de repente, em um ambiente que não poderia ter imaginado nos meus sonhos
mais loucos", disse Hall à BBC.
Insetos
e larvas
Analisando
a idade e os tipos de insetos e larvas encontrados na cena do crime, ele pode
descobrir pistas sobre quanto tempo o corpo havia passado no local.
"Estudamos
o inseto mais velho no corpo, o que nos dá uma boa indicação de quanto tempo a
pessoa passou ali. Se o corpo está do lado de fora, no verão, sabemos que seria
encontrado por insetos em 24 horas, então a idade dos insetos no corpo é
importante", explica o entomologista.
"Também
analisamos outros aspectos. Os insetos são consistentes com o local? O corpo
poderia ter sido transportado para lá?"
Hall se divide entre o trabalho no museu e o trabalho policial |
As
informações ajudaram a polícia a dar um foco para a investigação, limitando o
período no qual a vítima teria sido colocada ali. A partir dali, ele passou a
ser cada vez mais requisitado pela polícia e, hoje, este tipo de trabalho ocupa
praticamente metade de sua semana, analisando amostras ou desenvolvendo
pesquisa.
"Há
geralmente uma ligação entre os insetos que se alimentam do corpo e a causa da
morte, um tiro, por exemplo. Também é possível encontrar DNA humano, resíduos
de pólvora e restos de drogas a partir de moscas que se alimentaram de um corpo
humano."
Assassinatos
Em
média, Hall lida pessoalmente com algo entre 10 e 20 casos por ano. Os mais
recentes incluem o assassinato de Alisa Dmitrijeva, de 17 anos, encontrada
morta em terras de propriedade da rainha, em Sandringham, no dia 1º de janeiro.
Ele
também participou das investigações da morte de cinco prostitutas, em Suffolk,
em 2006, e diz que a adaptação à função policial foi difícil.
"A
primeira vez que você vê um corpo é um pouco perturbador, mas estou
relativamente confortável com isso agora."
O
entomologista de 57 anos - que começou a colecionar besouros e
moscas-varejeiras durante a infância, em Zanzibar, na África - pode passar de
algumas horas a dias inteiros em um local de crime.
"Você
só tem uma chance de coletar provas e é fundamental que não se perca
nada", disse Hall.
"Você
tem que pensar como uma larva. Onde eu iria se fosse uma larva? O que eu
faria?"
Apesar
de hoje ser chefe de pesquisa do departamento de entomologia do Museu de
História Natural de Londres, Hall diz que trabalhar com crimes é
"extremamente gratificante".
"Muitas
pessoas passam a vida inteira trabalhando duro com pesquisa e não veem nada
produtivo saindo disso. Para mim, é ótimo ter um resultado após alguns meses,
no fim de cada caso criminal."
Fonte: BBC
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