As
águas mais densas da Antártica tiveram seu volume reduzido drasticamente nas
últimas décadas, em parte devido aos impactos das atividades humanas sobre o
clima, informaram cientistas australianos nesta sexta-feira.
A
pesquisa sugere que até 60% da "Água Antártica de Fundo", água densa
que se forma nas bordas da Antártica, que penetra nas profundezas e se espalha
pelos oceanos do mundo, desapareceu desde 1970.
"É
uma resposta às mudanças que acontecem no clima das regiões polares, devido
tanto a causas naturais quanto humanas", afirmou à AFP o chefe das
pesquisas, Steve Rintoul, da Entidade de Pesquisa Científica e Industrial da
Comunidade Britânica, entidade de ciências do governo australiano.
O
fenômeno "não está provocando mudanças no clima, está respondendo a
mudanças no clima. Portanto, é um sinal de que as coisas estão mudando na
Antártica", acrescentou.
Gráfico tridimensional mostra formação da água na
borda do gelo na Antártica
Foto de Csiro/AFP
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Os
cientistas não têm certeza sobre o que está provocando o fenômeno, mas Rintoul
disse que a hipótese principal é que quanto mais gelo derrete nas bordas do
continente antártico, mais água doce chega ao oceano.
Ele
disse que isto pode estar provocando o "afundamento" da água densa em
latitudes elevadas, um processo que tem sido vinculado a grandes mudanças
climáticas no passado.
"Nós
estivemos rastreando essas massas d'água para ver se mudanças similares
ocorridas em condições meteorológicas no passado podem ocorrer novamente no
futuro", afirmou.
"Nós
não vemos isto ainda, mas isto, a contração da água densa em torno da
Antártica, pode ser o primeiro indício de que estamos nesta direção",
acrescentou.
O
estudo foi feito por cientistas australianos e americanos a bordo do navio
Autora Australis, que partiu para a Commonwealth Bay, a oeste da costa
Antártica, e retornou para Fremantle, na Austrália.
Eles
mediram a temperatura e coletaram amostras de salinidade em etapas da viagem
rumo ao extremo sul da Terra, revelando também a água densa em torno da
Antártida ficou menos salgada desde 1970.
Rintoul
disse que a mudança estava "provavelmente refletindo tanto o impacto
humano no planeta, quanto ciclos naturais".
"E
o impacto humano inclui tanto o aumento de gases de efeito estufa, mas também o
buraco na camada de ozônio sobre a Antártica", disse, acrescentando que
este buraco fez os ventos do Oceano Austral se intensificarem.
Rintoul
disse que é importante entender por que as mudanças ocorrem para se ter uma idéia
do quão rápido os níveis dos mares vão subir no futuro.
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