São
Tomé e Príncipe parecem ser uma importante área marinha para cetáceos
provavelmente devido à existência de baías pouco profundas e protegidas e a abundância
de presas. Muito além da presença de espécies costeiras de cetáceos, a origem
vulcânica recente das ilhas leva à existência de grandes profundidades próximo
de costa, o que favorece o aparecimento de espécies de mar alto.
No
entanto, a informação sobre os cetáceos é ainda escassa e descontinuada. Além
disso, nesta região, a exploração petrolífera, a atividade turística e a pesca
podem causar um impacto nestes animais pela captura acidental e atitudes
humanas negativas.
Golfinhos Malhados (Crédito: Inês Carvalho) |
Como
explica Andreia Pereira, “a maioria das espécies de cetáceos ocorre em zonas
tropicais. Mas pouco se conhece sobre estas áreas exceto no oceano Pacífico
onde são realizados muitos estudos focados para este grupo de animais”. Segundo
a bióloga, a obtenção de dados sobre a sua ocorrência tem “um papel relevante”
na identificação de limites adequados para a construção de áreas marinhas
protegidas, assim como no desenvolvimento de programas de gestão e de
monitorização.
“Numa
altura em que a exploração petrolífera iniciou-se em São Tomé e a atividade
turística começa a apostar na observação de cetáceos para atrair turistas,
torna-se importante conhecer a diversidade de cetáceos existentes para que se
estabeleçam áreas prioritárias e planos de gestão para estes animais”, afirmou
ao Ciência Hoje.
Para
conseguir isso, a cientista e o biólogo Francisco Martinho lançaram um projeto de
monitorização de cetáceos e estão, neste momento, a angariar fundos para cobrir
as despesas de deslocação necessárias à realização da missão, em Agosto deste
ano, em São Tomé e Príncipe.
Francisco Martinho e Andreia Pereira |
Os
resultados deste projeto, desenvolvido através de uma parceria entre a
Associação para as Ciências do Mar, a Escola de Mar e a MARAPA, uma ONG de São
Tomé, vão permitir identificar e caracterizar zonas de intenso uso, prever a
ocorrência e alterações temporais e espaciais das espécies e interpretar
tendências populacionais.
Desde
2002 até hoje se têm feito esforços para estudar a diversidade de cetáceos
deste país e já foram avistadas oito espécies de cetáceos: baleia-corcunda,
golfinho-roaz, golfinho-malhado-pantropical, orca, cachalote, cachalote-anão,
baleia-piloto e mais recentemente a falsa orca.
Os
próximos passos no aumento do conhecimento estão agora “muito dependentes” de
posterior financiamento.
De
acordo com Andreia Pereira, os dados obtidos até agora “não são completamente
representativos”, pois “alguns meses não foram amostrados nem a ilha de
Príncipe”. Para colmatar esta falha, diz a bióloga, “são necessários outros
estudos mais alargados em termos espaciais e temporais para clarificar a
sazonalidade de ocorrência de cetáceos” neste arquipélago, como acontece
noutras regiões do mundo.
“Estes
dados irão permitir fazer sugestões sobre regras de conduta para a atividade de
whale watching e a retificação da Convenção de Bona, uma vez que São Tomé é um
país membro, mas ainda não implementou nenhuma medida em relativamente à
convenção”, afirma.
Por
Susana Lage/Ciência Hoje
CETÁCEOS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
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