A
produção de um quilo de carne bovina no Brasil pressupõe o gasto de 335 quilos
de dióxido de carbono (CO2), exatamente a mesma quantidade consumida
em uma viagem de 1,6 mil quilômetros em um automóvel europeu médio.
Especialistas
da Áustria e Holanda chegaram a essa conclusão em um recente estudo, cujos
resultados foram divulgados nesta quinta-feira pela agência "APA".
No
caso da carne de vaca produzida nos Países Baixos, um quilo equivale a 111
quilômetros de automóvel, pois nas duas situações o CO2 emitido é de 22
quilogramas.
Kurt
Schmidinger, da Universidade de Viena, e Elke Stehfest, da agência "PBL
Netherlands Environmental Assessment Agency", desenvolveram um sistema
especial para fazer estabelecer o custo climático dos alimentos.
A
maior inovação nestes cálculos é que, além das emissões na produção dos
alimentos, o estudo também contabiliza a superfície do pasto para os animais,
um fator ignorado até agora, apesar de ser considerado central para a mudança
climática.
A
razão é que os gramados de grandes superfícies impedem o desenvolvimento de
florestas e plantas naturais, que por sua vez atuam absorvendo CO2 da
atmosfera, o que combate o efeito estufa.
Segundo
os especialistas, a produção de alimentos vegetais é a menos nociva para o meio
ambiente.
Fonte:
EFE
atual situação de devastação causada pela pecuária
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DADOS QUE VOCÊ
DEVE SABER
1
– Em 2009 os dados eram: Para cada quilograma de carne bovina produzida são
emitidos 13 quilogramas de CO2 equivalente. Isso significa que, ao
se alimentar com um quilo de bife, emitia-se a mesma quantidade de gases de
efeito estufa de um vôo de 100 quilômetros (O Rastro da
Pecuária na Amazônia – relatório do Greenpeace);
2
– Em um hectare, que poderia render 22.500 kg de batata ou outra hortaliça, são
produzidos 185 kg de carne. Além disso, o consumo de água é impressionante.
Para cada quilo de carne produzido, são necessários 20 a 30 mil litros de água
(Fazer churrasco é ruim para o meio ambiente? – matéria da revista Galileu).
O boi não é só
carne
O
primeiro ato falho, dessas duas afirmações, está no fato de relacionar a
produção de CO2, a ocupação de área e o consumo de água por parte dos bovinos
apenas à produção de carne. O boi, como qualquer fornecedor de insumos
agropecuários, pecuarista ou profissional da indústria frigorífica sabe, é uma
verdadeira fábrica de matéria-prima.
Um
bovino adulto, ao ser abatido, gera mais ou menos 202 quilos de carne; 48
quilos de miúdos; 40 quilos de pele (couro); 27 quilos de farinha (de sangue e
carne e ossos); 12 quilos de sebo; 0,25 quilos de bile, cálculo biliar e coisas
do gênero; 1,22 quilos de pêlo de orelha, cascos, pêlo de rabo, etc. Esses
derivados bovinos irão alimentar 49 segmentos industriais diferentes: energia,
alimentação, nutrição animal, higiene e limpeza, farmacêutico, moveleiro,
calçados, equipamentos de segurança e outros.
Vamos
seguir apenas o couro, como exemplo. As indústrias calçadistas, moveleiras,
automotivas e de artefatos diversos dependem do couro. As indústrias de
gelatina, de cola e de dog toy dependem de subprodutos do couro (raspas e
aparas). As indústrias de alimentação, as farmacêuticas e as de cosméticos usam
a gelatina. E por aí vai. Quem quiser pode acessar um fluxograma simplificado
dos derivados do abate no site do Serviço de Informação da Carne (SIC):
http://www.sic.org.br/praqueserve.asp. Estava olhando agora essa figura e
realmente me convenci de que a produção e o abate de bovinos é uma maneira
bastante eficiente de se usar 30 mil litros de água ou 13 quilogramas de CO2.
É bem melhor do que fazê-lo num ineficiente vôo de 100 quilômetros. Outra
escorregada, relacionada à emissão de gases de efeito estufa pelosbovinos,
está no fato de “análises” desse tipo nunca considerarem o sequestro de CO2
que é realizado pelas pastagens. Parece que só vale inserir o pasto, dentro do
sistema de produção de carne, se é para tratar do desmatamento. Sequestro de
carbono não conta.
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