Cinco
países abrigam 70% das áreas terrestres e marítimas virgens no mundo - e o Brasil
está entre eles.
Hoje, mais de 77% da terra (excluindo a Antártida) e 87% do oceano foram modificados por atividades humanas. Direito de imagem Getty Images.
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Ao lado
de Austrália, Canadá, Estados Unidos e Rússia, o país aparece em destaque no
primeiro mapa global de ecossistemas intactos da Terra já feito por cientistas
- no caso, pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, e da
Sociedade para a Conservação da Vida Silvestre. Parte deste projeto foi
apresentado por seus autores em um artigo no site da revista Nature no final de
2018.
Eles
alertam que o que está nas mãos destes países é de enorme interesse global, mas
há poucas ferramentas hoje para proteger especificamente os ecossistemas
virgens.
"Os
passos que estas nações tomarem (ou falharem em tomar) para limitar a expansão
de estradas e rotas de navegação, e para controlar o desenvolvimento em larga
escala na mineração, extração de madeira, agricultura, aquacultura e pesca
industrial, serão críticos", afirmam.
O estudo
destaca como exemplos de biomas que contêm estas florestas a Amazônia; a tundra
e a taiga, presentes em países do Hemisfério Norte como Canadá e Estados
Unidos; e regiões desérticas da Austrália.
Austrália, Brasil, Canadá, EUA e Rússia são os cinco países que abrigam a maior área de natureza intacta no mundo |
Quando
este grupo dos cinco é expandido, 20 países acabam responsáveis por 94% destes
ecossistemas intactos - definidos pelos pesquisadores como áreas com nenhuma ou
mínima interferência humana.
O
levantamento não inclui partes do alto mar fora de fronteiras nacionais e a
Antártica.
Perda
acelerada
Segundo o
artigo, há um século, apenas 15% da superfície da Terra era explorada pela
agropecuária.
Hoje,
mais de 77% da terra (excluindo a Antártida) e 87% do oceano foram modificados
por atividades humanas.
Entre
1993 e 2009, 3,3 milhões de quilômetros quadrados de áreas virgens - uma
superfície maior que a Índia - foram perdidos para a agricultura, a mineração e
outras ações antrópicas, por exemplo.
No mar,
áreas livres da pesca industrial, do transporte marítimo e da poluição estão
praticamente confinadas às regiões polares.
Mas qual
é especificamente a importância desta natureza intacta, em comparação com
fragmentos de florestas em áreas urbanas, por exemplo?
Por que os
ecossistemas virgens são importantes
Biomas do Hemisfério Norte, como a tundra e a taiga, também guardam espécies e processos biológicos com pouca interferência humana. Direito de imagem Getty Images |
Alguns
especialistas em conservação ambiental defendem que ecossistemas remanescentes
em regiões degradadas têm uma preservação prioritária pois oferecem benefícios
mais diretos como para a saúde humana e para o desenvolvimento turístico.
No
entanto, cada vez mais estudos têm revelado as funções cruciais que áreas
intactas podem exercer.
Para
começar, elas abrigam espécies em uma abundância próxima ao natural -
resguardando informações genéticas e processos ecológicos que sustentam a
biodiversidade em uma escala de tempo evolutiva.
Por
exemplo, no mar, são as áreas virgens que ainda têm populações viáveis de
grandes predadores como o atum, o marlim e os tubarões, lembram os autores do
artigo na Nature.
Ecossistemas
intactos também amortecem desastres naturais e eventos climáticos extremos, do
nível local ao global.
A Amazônia é destacada na pesquisa como um dos exemplos de biomas que abriga áreas de mata virgens |
"Simulações
de tsunamis, por exemplo, indicam que os recifes de corais saudáveis oferecem
ao menos duas vezes mais proteção do que os altamente degradados",
escrevem os pesquisadores.
Estas
áreas são importantes ainda diante das mudanças climáticas - por exemplo, por
estocarem carbono em larga escala.
100% de
proteção
Segundo
John Robinson, da Sociedade para a Conservação da Vida Silvestre, a Terra já
perdeu muito de sua natureza virgem - por isso, a instituição e os
pesquisadores de Queensland pedem que nada menos que 100% destas áreas sejam
protegidas pela comunidade internacional.
"Devemos
aproveitar esta oportunidade antes que estas regiões desapareçam para
sempre", alerta.
Os
autores do estudo indicam que a proteção passa por mapear e registrar estas áreas
como tal, além de oferecer políticas de incentivo para sua preservação.
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