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terça-feira, 18 de junho de 2013

CURIOSIDADES SOBRE AS COBRAS

As serpentes são animais que estão entre os mais temidos pelas pessoas, existindo muita curiosidade sobre essas fascinantes predadoras. Aprendemos desde crianças a temermos as cobras, mas poucos dos adultos nos contam sobre alguns fatos sobre esses animais quando somos crianças.  Segundo os boletins epidemiológicos atuais os óbitos no Brasil não ultrapassam 150 vítimas por ano, por outro lado, milhares de seres humanos no nosso país são mortos assassinados por outros seres humanos anualmente. Se fôssemos seguir a lógica da estatística, deveríamos temer mais os da nossa espécie do que esses animais.
E apesar do que muitos falam, as cobras não são animais traiçoeiros como alguns humanos podem ser. Elas não tem interesse de se exporem picando uma pessoa e nem de gastarem seus venenos, fazem isso quando se sentem ameaçadas com a aproximação de alguém ou quando pisam sobre elas. A Cascavel (Crotalus durissus) toca o seu guizo na ponta da cauda e a Jararaca (Bothropoides jararaca) e também outras espécies vibram a cauda quando se sentem ameaçadas e assim procuram  avisar que estão por ali.
Cascavel (Crotalus durissus).
Apesar de tanto medo devido a periculosidade de algumas espécies peçonhentas, pode-se dizer que as cobras contribuem mais para salvar vidas no Brasil do que matam. Isso se deve as propriedades farmacológicas descobertas com o veneno delas. O Captopril (anti-hipertensivo) isolado do veneno da jararaca na Década de 60 e amplamente utilizado é um exemplo disso, além de outros como a cola para fins cirúrgicos também obtido com o veneno dessa serpente. Por isso, preservar e conhecer melhor esses animais é de extrema importância para a humanidade, assim como aprendermos a respeitá-las.
Serpentes, Cobras e Víboras: Cobra é um nome popular que no Brasil é dado para todas as espécies de Serpentes (Subordem da Classe dos Répteis). Víbora é um nome dado especialmente na região sul para as cobras peçonhentas da Família Viperidae (ex. Jararacas). Entretanto, no Brasil muitos quando ouvem a palavra "Serpente" pensam mais nas espécies de Najas que ocorrem na África e da Ásia, devido a cena clássica dos "encantadores de serpentes". Por outro lado, "Cobra" em vários países é o nome aplicado para as Najas. Mas como nome popular dos animais é dado por aqueles que moram em uma região, é correto no Brasil chamarmos todas as serpentes de cobras.
 Abaixo seguem algumas curiosidades sobre esses animais:
1) O que as cobras se alimentam?
Todas espécies de cobras são carnívoras, predando vários tipos de animais (Greene 1997). Roedores (ratos e camundongos), lagartos (calangos e lagartixas) e anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas) são os principais tipos de presas. Outros grupos de presas que as cobras se alimentam são marsupiais (cuícas e marmosinhas), morcegos, anfisbênios (cobras-cegas ou cobras-de-duas-cabeças), outras cobras, gimnofionos (anfíbios ápodos: cobras-cegas ou cecílias), salamandras, girinos, peixes, minhocas, lesmas, caramujos, centopéias e ainda outros animais. Cada espécie de cobra tem um tipo de dieta (preferência alimentar), sendo que algumas alimenta-se apenas de um tipo de presa (chamadas de especialistas) e outras predam vários grupos animais (chamadas de generalistas).
2) Como as cobras caçam suas presas?
Dipsas catebyi alimentando-se de uma lesma.
Algumas cobras procuram ativamente suas presas pelo ambiente (vegetação, chão, em galerias subterrâneas, na água), outras podem caçar de espreita, esperando o animal passar próximo a ela. Serpentes das famílias Boidae (jibóias e sucurís) e Viperidae (cascavéis, jararacas e surucucus) são exemplos que caçam de espreita.
Siphlophis worontzowi em atividade de forrageio.
Jararaca da Amazônia (Bothrops atrox) caçando de espera.
3) Como as cobras matam suas presas?
Dependendo da espécie de cobra, ela pode matar a presa por envenenamento, por constrição ou então ingerir a presa viva. Geralmente as presas que podem oferecer algum risco para serpente (ratos, outras cobras) são mortas por envenenamento ou por constrição. Presas inofensivas como anfíbios anuros, lesmas e minhocas podem serem engolidas vivas.
 
Leptodeira annulata (dipsadídeo com dentição opistóglifa) matando por envenenamento um sapo.
Pseudoboa nigra fazendo constrição em um calango-verde.
4) Quando as cobras tem atividade?
Algumas espécies de cobras tem atividade durante a noite (geralmente apresentam pupilas dos olhos elípticas) e outras durante o dia (geralmente apresentam pupilas dos olhos arredondadas). Algumas espécies apresentam atividade tanto durante o dia como de noite.
Serpente noturna Imantodes cenchoa com a pupila do olho elíptica.

Serpente diurna Chironius scurrulus com a pupila do olho arredondada.
5) Quais são os sentidos (órgãos sensoriais) das cobras?
Todas as cobras apresentam o olfato (quimiorrecepção) desenvolvido, elas dardejam a língua bífida (bifurcada) capturando moléculas odoríferas do ambiente e transportando até o Órgão de Jacobson situado no céu da boca, onde processam as informações. 
Cascavel (Crotalus durissus) dardejando a língua.
 A audição é pouco desenvolvida, estando ausente o tímpano e o ouvido externo. A visão é mais desenvolvida em espécies de hábitos diurnos e arborícolas e mais reduzida nas espécies fossoriais (subterrâneas). As pálpebras dos olhos são soldadas e transparentes, portanto as cobras não fecham e nem piscam os olhos.
Cobra-cipó (Philodryas argentea) dormindo sobre a vegetação de noite.
De forma independente evoluíram órgãos sensores térmicos que detectam a temperatura do corpo dos animais nos viperídeos (ex. cascavel e jararaca) e nos boídeos (ex. periquitambóia e salamanta). Nos viperídeos é a fosseta loreal, localizada entre o olho e a narina da serpente (de onde vem o nome popular "cobra-de-quatro-ventas") e nos boídeos as fossetas labiais.
Jararaca ou Caissaca (Bothrops moojeni). Note a fosseta loreal entre o olho e a narina.
Periquitambóia (Corallus batesii). Note as fossetas labiais.
6) Quanto tempo vive uma cobra?
São poucas informações sobre a longevidade de serpentes na natureza, sendo necessários estudos com marcação e recaptura a longo prazo para isso. A maioria das informações é sobre cobras criadas em cativeiro e de espécies de fora do Brasil. As serpentes de grande tamanho (Boidae e Pythonidae) vivem mais, existindo registro de uma "Ball Python" (Python regius) que viveu mais de 47 anos no Zoológico da Philadelphia (USA) (Ernst & Zug 1996).
Boídeos como Sucuris (Eunectes murinus) e Jibóias (Boa constrictor) em cativeiro podem viver mais de 30 anos e 40 anos, respectivamente. Na natureza, Rivas & Corey (2008) na Venezuela recapturaram uma fêmea de Sucuri após 13 anos de sua primeira captura quando foi marcada. 
Jibóia (Boa constrictor).
Os registros de colubrídeos e dipsadídeos são em média de 6 a 10 anos, com registros de espécies até cerca de 17 anos (Caninana Spilotes pullatus) em cativeiro (Ernst & Zug 1996). Segundo os registros de cativeiro os viperídeos vivem mais com recordes de cascavéis norte-americanas (Crotalus atrox) vivendo mais do que 25 anos (Ernst & Zug 1996).
caninana (Spilotes pullatus).
Costa et al. (2005) e Oliveira et al. (2005) apresentaram registros de longevidade de serpentes Elapidae (corais-verdadeiras) e Viperidae (jararacas, cascavéis e surucucus) no Instituto Butantan: Coral-verdadeira (Micrurus frontalis) 3,5 anos; Coral-verdadeira (M. corallinus) 3 anos; Jararaca (Bothropoides jararaca) quase 10 anos; Jararaca-da-seca (B. erythromelas) mais de 12 anos; Cascavel (Crotalus durissus) 9 anos e meio; Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta) 5 anos e meio.
7) Qual a maior cobra do mundo?
Segundo Murphy & Henderson (1997), os maiores recordes são de Píton Africana (Python sebae) com 12 metros, Sucuri (Eunectes murinus) de 11,5 metros (Registro do Marechal Rondon em Oliver, 1958), Píton Reticulada (Python reticulatus) com 10 metros e a Píton Indiana (Python molurus) com 9,14 metros. Isso sem considerar os registros provavelmente superestimados (exagerados) de Amaral (1948) de sucuri de 14 metros de Up de Graf de 15 metros. Entretanto, Ernst & Zug (1996) consideram o registro de Sucuri (E. murinus) de 11,5 metros como o maior dentre as grandes serpentes.
Sucuri (Eunectes murinus).
8) Qual a maior cobra peçonhenta do mundo?
A Cobra-rei ou "King Cobra" (Ophiophagus hahhah) com 5,58 metros de comprimento (Ernst & Zug 1996).
9) Qual a maior cobra peçonhenta do Brasil?
A Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta) com até 3,75 metros (Ernst & Zug 1996), sendo também o maior viperídeo do mundo.
Surucucu-pico-de-jaca ou Surucutinga (Lachesis muta).

10) A sucuri pode engolir um boi?
    Não. Uma presa assim seria enorme para uma sucuri. Existem registros de sucuris engolindo bezerros (Ver Freitas 2003). Uma cobra dessas até poderia matar uma animal grande como um cavalo ou boi, mas não iria conseguir ingeri-lo. 

11) A sucuri pode engolir uma pessoa?
Não existem registros fidedignos de sucuris matando pessoas, o que existem são estórias e "lendas urbanas" que circulam pela Internet através de e-mails e sites sensacionalistas que utilizam fotos de pítons (dizendo ser de sucuris) com pessoas possivelmente mortas por estas cobras. Contudo, sucuris podem atacar seres humanos (Strüssmann 1997; Rivas 1998; Duarte et al. 2000; Haddad-Jr 2000; Bernarde 2002) e se basearmos nos relatos de pítons que mataram e até ingeriram pessoas, é possível que uma sucuri de grande tamanho possa ingerir uma pessoa pequena.
12) Qual a cobra mais peçonhenta (veneno mais letal) do mundo?
Você já pode ter visto um documentário na TV apresentando as 10 serpentes mais venenosas do mundo e nesse programa só tinha espécies australianas. Foi um erro de tradução o documentário na verdade fala sobre as 10 mais venenosas da Austrália.
A serpente mais venenosa seria aquela que teria o maior coeficiente de letalidade, ou seja, um maior número de óbitos dentro de um grupo de pessoas picadas por ela.
Uma coisa meio difícil de se fazer com humanos (para testar de maneira controlada!). Pode ser feito com camundongos, lembrando que são animais fisiologicamente diferentes de humanos.
Segue abaixo um RANKING de pesquisas realizadas pelo planeta:
Toxicidade dos venenos de alguma serpentes em camundongos pelo teste de DL-50, copilado de Ernst & Zug (1996). Obs. os autores não informam as vias de injeção do veneno (Intravenosa, intraperitonial, intramuscular, etc.), o que influencia no resultado. Os valores de Mg/Kg correspondem a miligramas de veneno de serpente por kilograma de camundongo necessário para matar metade uma amostra.
1º) Serpente marinha (Enhydrina schistosa) 0,02 Mg/Kg
2º) Víbora de Russel (Vipera russelii) e a Taipan (Oxyuranus microlepidotus) 0.03 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Aipysurus duboisii) 0,04 Mg/Kg
4º) A australiana Eastern brownsnake (Pseudechis textilis) e a Mamba negra (Dendroaspis polylepis) 0,05 Mg/Kg
5º) Cascavel tigre (Crotalus tigris) Cascavel tigre 0,06 Mg/Kg
6º) Boomslang (Dispholidus typus) e a Serpente marinha (Pelamis platurus) 0,07 Mg/Kg
7º) Krait (Bungarus caeruleus) 0,09 Mg/Kg
8º) Víbora de chifre (Cerastes cerastes) 0,10 Mg/Kg
9º) Outra espécie de Taipan (Oxyuranus scutellatus) 0,10 Mg/Kg

DL-50 via subcutânea:

Toxicidade dos venenos de alguma serpentes em camundongos pelo teste de DL-50 via subcutânea, copilado de www.kingsnake.com:
1º) Taipan (Oxyuranus microlepidotus) 0.025 Mg/Kg
2º) Eastern brown snake (Pseudonaja textilis) 0.0365 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Aipysurus duboisii) 0.044 Mg/Kg
4º) Serpente marinha (Pelamis platurus) 0.067 Mg/Kg
5º) Serpente marinha (Acalyptophis peronii) 0.079 Mg/Kg
6º) Taipan (Oxyuranus scutellatus) 0.106 Mg/Kg

DL-50 via intramuscular:
Toxicidade dos venenos de alguma serpentes em camundongos pelo teste de DL-50 via intramuscular, copilado de www.kingsnake.com.
1º) Serpente marinha (Hydrophis melanosoma) 0.082 Mg/Kg
2º) Serpente marinha (Aipysurus laevi) 0.09 Mg/Kg
3º) Serpente marinha (Hydrophis ornatus) 0.12 Mg/Kg
4º) Serpente marinha (Hydrophis belcheri) 0.155 Mg/Kg
5º) Serpente marinha (Hydrophis elegans) 0.21 Mg/Kg

Em uma picada em um ser humano o dente poderá ser inoculado até uma certa profundidade e influenciará nos sintomas, assim como a quantidade de veneno inoculada que pode variar de 30 a 70% da quantidade disponível na glândula ou mesmo ser uma "picada seca", sem inoculação de veneno.
Independente disso, uma pessoa poderá morrer desde por uma espécie que ocupa a 1ª Posição (uma maior probabilidade) até pela que ocupa a 128º Posição (mas com uma menor probabilidade).
13) Qual a cobra mais peçonhenta (veneno mais letal) do Brasil?
Como já dito, letalidade é a quantidade de óbitos que ocorrem em um determinado número de pessoas com um agravo a saúde (doença, envenenamento, etc.). Segundo os dados epidemiológicos dos quatro tipos de acidentes ofídicos no Brasil: Botrópico (jararacas), Crotálico (cascavéis), Laquético (surucucus-pico-de-jaca) e Elapídico (corais-verdadeiras), os índices de letalidade correspondem aproximadamente a:
1,8% Letalidade = Cascavel (Crotalus durissus)
 
0,9% Letalidade = Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta)

0,4% Letalidade = Corais-verdadeiras (Micrurus spp.)

0,3% Letalidade = Jararacas (Bothrops, Bothropoides, etc)
Isso são dados que apresentam uma generalização em relação ao ofidismo, não sendo considerado individualmente cada espécie nesses gêneros em relação a toxicidade do veneno, quantidade de veneno na glândula, tamanho dos dentes inoculadores e o tipo de dentição, postura defensiva (propensão em dar o bote e picar).  Fora desse ranking está a Jararaca-ilhôa (Bothropoides insularis) uma vez que não existem casos de envenenamento em seres humanos registrados.
14) Como as cobras se reproduzem?
As espécies de cobras apresentam os sexos separados, ou seja, existem indivíduos machos e fêmeas. Os machos apresentam o hemipênis que fica alojado na base da cauda e no momento da cópula esse órgão genital infla-se com sangue e é evertido para ser introduzido na cloaca da fêmea durante a cópula. A maioria das serpentes é ovípara (colocam ovos) e outras como os boídeos (sucuris e jibóias) e viperídeos (exceto a surucucu-pico-de-jaca) são vivíparas dando à luz filhotes já formados.
Hemipênis de Sucuri (Eunectes murinus).
15) As cobras "piam"?
Ao contrário da crença popular, as cobras não piam de noite e nem para atrair passarinhos durante o dia.
16) O que devo fazer quando encontrar uma cobra?
Você estando na natureza, deve respeitar o animal em seu habitat e deixá-lo em paz. Avise demais pessoas que estiverem próximas sobre a localização da cobra. Quando criança deve-se procurar um adulto e avisá-lo sobre a presença do animal. Em área urbana deve-se procurar o telefone de órgãos que capturam esses animais (bombeiros, Centros de triagem, etc). Lembre-se que as serpentes são animais importantes nos ecossistemas e é crime matar animais silvestres.
17) O que devo fazer para não ser picado por uma cobra?
Primeiramente deve-se ter muita atenção quando estiver em áreas onde esses animais ocorrem como campos, florestas, fazendas. Olhar bem onde pisa e coloca as mãos, andando devidamente calçado uma vez que a maioria das picadas ocorre na altura do joelho para baixo.  Quando andar de noite nesses lugares propícios de ocorrerem serpentes sempre utilizar uma lanterna. Quando for sentar-se no chão ou passar em troncos em florestas olhar cuidadosamente se não tem nenhum animal peçonhento próximo.
18) O que devo fazer se for picado por uma cobra?
Manter a calma e procurar o mais rápido possível um hospital. O soro antiofídico e o médico em um ambiente hospitalar é a forma do melhor tratamento ocorrer. Pode-se beber muita água durante o trajeto e não se deve fazer algumas práticas que podem agravar a situação. Não fazer garrote ou torniquete. Não realizar perfurações no local da picada. 
19) A cobra-verde é venenosa?
Ouve-se em algumas regiões do Brasil que a Cobra-verde (Philodryas olfersii) não é venenosa, entretanto, trata-se de uma espécie opistóglifa, apresentando dentes inoculadores de veneno na região posterior da boca. O veneno causa um edema (inchaço) em pessoas adultas que involue em alguns dias. Já em crianças, pode causar um acidente mais sério. São raros os acidentes, pois esta cobra foge rapidamente com a aproximação de uma pessoa. Na maioria dos acidentes registrados, a vítima estava manuseando essa cobra. Outra espécie de cobra-verde é a Oxybelis fulgidus que também é opistóglifa e pode ocasionar envenamento.
Cobra-verde (Philodryas olfersii).
Na Amazônia e na Mata Atlântica até o Estado do Rio de Janeiro, ocorre a uma espécie de jararaca arborícola de coloração verde (Bothrops bilineata) chamada de bico-de-papagaio ou papagaia que é peçonhenta e pode causar envenenamentos graves. 
Jararaca-verde (Bothriopsis bilineata).
20) A cobra pode picar dentro da água?
Muitas pessoas acreditam que uma cobra venenosa não pica nos ambientes aquáticos, o que é mentira. Algumas acham que se ela abrisse a boca na água, se afogaria; outras pensam que ela deixa seu veneno em uma folha para atravessar um rio ou lagoa. Isso não passa de superstição. Em banhados, ocorrem jararacas e elas podem picar uma pessoa que se aproximar. Quando uma serpente peçonhenta estiver atravessando um rio ou lagoa nadando, se for interceptada por alguém, poderá picar. Na Amazônia duas espécies de corais-verdadeiras (Micrurus lemniscatus e M. surinamensis) apresentam hábitos aquáticos.
21) Existe encantadores de Najas?
As cobras praticamente não escutam o som das flautas uma vez que apresentam a audição pouco desenvolvida. Essas Najas são capturadas na natureza, o coletor deixa elas algum tempo sem se alimentar. Depois, cortam os seus dentes inoculadores de veneno ou costuram suas bocas. Passam ratos ou urina de ratos na ponta das flautas e, para onde ele virar a flauta, a cobra acompanha, atraída pelo odor do roedor.
22) Alguma cobra corre atrás da gente?
No Brasil, pelo menos as cobras venenosas não perseguem as pessoas. Algumas espécies não venenosas como a Jararacuçu-do-brejo (Mastigodryas bifossatus) e a Caninana (Spilotes pullatus) podem dar uma pequena investida em alguém e esta devido ao medo pode correr muito e pensar que foi perseguido. Contudo, não passará de um susto.
BIBLIOGRAFIA CITADA
AMARAL, A. 1948. Serpentes gigantes. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi 10:211-237.
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OLIVEIRA, L.; ALMEIDA-SANTOS, S. M.; COSTA, A. C. O. R.; SCARTOZZONI, R. R.; GERMANO, V. J. & SALOMÃO, M. G. 2005. Manutenção de serpentes em cativeiro no Instituto Butantan: I - A longevidade do gênero Micrurus. Publicações Avulsas do Instituto Pau Brasil 8-9:55-61.
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Fotos (Paulo Sérgio Bernarde)

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