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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Fósseis de Transição

Os Tetrápodes mais antigos foram descobertos na parte oriental da Groelândia por uma expedição dinamarquesa, em 1929. Datam da última fase do período devoniano. Dois gêneros concentraram a atenção dos investigadores da maior época dos tetrápodes – o Ichthyostega e o Acanthostega.



Figura 1 - Ichthyostega
Existe uma perspectiva ingênua da “escala da vida” que descreve a evolução dos vertebrados como uma série linear ascendente anfíbio – réptil – mamífero – ser humano. Os tetrápodes possuíram de certo um antepassado comum, mas os anfíbios modernos representam o término de um grande ramo, e não o começo de uma série.
Os primeiros répteis fossilizados têm quase a mesma idade que os primeiros anfíbios do grupo que terá dado origem a rãs e salamandras. Deste modo, em vez de uma escala do anfíbio ao réptil, tanto o registo fóssil como o estudo de vertebrados modernos sugerem uma ramificação inicial do tronco dos tetrápodes em dois membros principais – os Anfíbios e os Amniotas (répteis, aves e mamíferos).
O antepassado comum deste tronco tem sido tema investigação e desde há muito que tem sido considerado que o “elo” destes grupos de vertebrados corresponderia aos peixes Sarcopterígios.
Dois grupos de Sarcopterígios foram relativamente importantes na fauna do Devônico : os peixes pulmonados e os crossopterígios. Estes peixes apresentavam barbatanas lobadas.
Ao longo do processo evolutivo terão surgido seres vivos que apresentariam alterações nestas barbatanas lobadas, quer noutras estruturas do esqueleto destes peixes devônicos.


Figura 2
Na figura 2, podemos observar este conjunto de alterações, onde as barbatanas lobadas peitorais (nageoire pectorales) e pélvicas (nageoire pelviennes) terão estado na origem de membros dotados de patas e dedos, alterações do osso do maxilar (mâchoire), desaparecimento da barbatana caudal, alongamento do focinho (museau), com soldagem de alguns ossos, desaparecimento do opérculo ósseo que recobria as brânquias, assim bem como dos ossos que ligavam a cabeça à cintura escapular (ceinture scapulaire), isto é, dos ombros (épaules).
O Ichthyostega, apresenta características importantes na reconstituição deste puzzle do tronco dos tetrápodes, mas não é um “fóssil de transição”. Apresentava membros bem desenvolvidos possuindo 5 dedos nas patas dianteiras e sete nas traseiras, as quais eram posicionadas mais para nadar por entre a vegetação aquática dos pântanos onde viviam, do que para andar em terra, o que os tornava inaptos (em terra moviam-se como a foca) ao ambiente terrestre.

Em 1999, dois professores de paleontologia Neil Shubin, da Universidade de Chicago, e Edward Daeschler, da Academia de Ciências Naturais da Filadélfia, começaram uma exploração da parte ártica do Canadá na tentativa de encontrar o "elo perdido" que explicaria a transição da água para a terra.

"A incrível descoberta veio quando um dos membros da equipe encontrou o focinho de um animal de cara achatada despontando de um penhasco - e isso é totalmente o que você quer encontrar porque, se tiver sorte, o resto do esqueleto estará enterrado no penhasco" (Shubin, Quando Éramos peixes – Estrela Polar).

A equipe encontrou três fósseis da nova espécie Tiktaalik roseae, em bom estado de conservação e quase completos, em uma área do Árcico chamada Território Nunavut. O maior fóssil tem quase 3 metros de comprimento. O fóssil tem algumas características dos peixes, como barbatanas e escamas nas costas. Mas ele também tem várias características em comum com criaturas terrestres. O animal tem uma cabeça chata com os olhos no topo, semelhante à de um crocodilo, e o início de um pescoço, o que não existe nos peixes.
"Quando nós olhamos dentro da barbatana observamos um ombro, um cotovelo e uma versão inicial de um pulso, o que é muito similar a animais que também habitam a terra", afirmou Shubin.
"Essencialmente nós temos um animal feito para poder se sustentar no chão."

Os cientistas acreditam que a posição dos olhos da criatura significa que ela provavelmente viveu em águas rasas. "Nós estamos capturando uma transição muito significativa num momento-chave. Andrew Milner, um paleontólogo do Museu de História Natural de Londres, disse que é raro encontrar um fóssil em condições tão boas. "Esse material é incrível porque inclui um esqueleto quase completo - o que é sempre útil porque ao invés de montar o fóssil a partir de pedaços podemos ver o esqueleto inteiro e ter certeza de que se trata da forma como o animal era composto." A professora Jennifer Clack, da Universidade de Cambridge, disse que a descoberta pode acabar virando um "ícone evolutivo" tão importante quando o Archaeopteryx, um animal que marca a transição de répteis para aves.

Nota :
O termo "fósseis, ou formas, de transição" tem vindo a cair em desuso, pois refere-se a espécies extintas que representam um estádio intermédio entre dois grupos de organismos, e incorporam simulta­neamente características ancestrais (ou plesiomórficas) e derivadas (ou apomórficas) dos mesmos.
Curiosamente, os paleontólogos empregam pouco o termo "fóssil de transição", frequentemente mais usado aquando das discussões criacionistas. Talvez porque, ao lidarem com fósseis, os paleontólogos compreendem que, salvo casos de evolução rápida, estes são o resultado de uma mudança gradual e todos eles são, no limite, fósseis de transição (excepto se não tiverem descendentes), mesmo que essa transição morfológica seja apenas ligeira.

Um exemplo típico de "forma de transição" seria o Acanthostega, não sendo verdadeiramente um peixe nem um anfíbio. O Acanthostega tem características anatômi­cas de ambos os grupos, logo não cabe nesta classificação (que não deixa de ser arbitrária, logo, irremediavelmente, revelando parte da natureza dos seres vivos). Onde colocá-lo então? Tal como o Acanthostega tantos outros se iam juntando ao saco das "formas de transição". O que se ia verificando é que cada vez mais formas eram "formas de transição". Onde colocar os sinapsídeos, são répteis ou mamíferos? Onde colocar o Archaeopteryx, é um réptil ou uma ave? Onde colocar o Cyclosaurus, um réptil ou um anfíbio? As "formas de transição" são não a exceção, mas a regra.

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