O noticiário da imprensa, do rádio e da televisão, obrigado a cobrir os acontecimentos mais espetaculares. O Rio teve um dia de guerra contra o tráfico, com cenas típicas: fuga de bandidos armados pelo morro, veículos blindados da Marinha circulando pelas ruas, tiroteios, mortes, prisões e veículos em chamas, dão constante e regular destaque à violência nas favelas do Rio de Janeiro, provocada por minorias armadas, sejam elas de traficantes ou milicianos. Não adianta repetir que essas minorias são numericamente insignificantes, se comparadas à população de trabalhadores naquelas comunidades. O estereótipo está consolidado e revigorado por uma reiteração desses procedimentos criminosos no material de ficção que vemos em filmes e séries, nacionais ou estrangeiros, a que estamos sempre expostos.
Entenda os ataques
Uma onda de violência assola o Rio de Janeiro desde o último domingo (21), quando criminosos começaram uma série de ataques e incendiaram veículos, entre carros, coletivos e caminhões.
Na segunda-feira, as autoridades fluminenses consideraram os ataques uma resposta à política de ocupação de favelas por UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para presídios federais. A intenção seria colocar medo na população.
A polícia investiga se os ataques estão sendo orquestrados pelas facções criminosas Comando Vermelho e ADA (Amigos dos Amigos). Na quarta-feira, oito presidiários foram transferidos do Rio para o presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR). Nesta quinta, detentos do Rio que estavam em Catanduvas foram transferidos para Porto Velho (RO).
A polícia investiga se os ataques estão sendo orquestrados pelas facções criminosas Comando Vermelho e ADA (Amigos dos Amigos). Na quarta-feira, oito presidiários foram transferidos do Rio para o presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR). Nesta quinta, detentos do Rio que estavam em Catanduvas foram transferidos para Porto Velho (RO).
Desde o começo da semana, uma megaoperação está sendo feita em diversas comunidades da capital, sendo a Vila Cruzeiro, no subúrbio do Rio, o local com combates mais intensos.
Uma determinação do comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, obrigou todos os policiais de folga a retornar para seus batalhões. A Marinha foi enviada para ajudar no combate e o governo federal enviou reforço da Polícia Rodoviária Federal.
Grandes quantidades de armas e drogas estão sendo apreendidas diariamente. A operação não tem data para acabar, informam as autoridades.
O abismo entre a favela e o resto da sociedade produz uma “cidade partida”, expressão criada pelo jornalista Zuenir Ventura, na medida em que um lado cada vez mais conhece menos o outro e se relaciona com ele do jeito que o estereótipo conduz. Nesses gigantescos guetos proletários, onde uma pequena classe média, surgida nas duas últimas décadas, começa a crescer e a se organizar em busca de uma identidade, uma produção cultural nova e viçosa está florescendo sem que o resto do mundo se dê muito conta, embora o país já esteja contagiado por ela na música, na linguagem e nos costumes. E essa é uma cultura que não é apenas do gueto, mas também de nosso tempo, estejamos onde bem estivermos.
A favela carioca foi, no passado, um espaço rural, refúgio de migrantes sem teto que improvisavam seus barracos de madeira e zinco nos morros verdes do maciço da Tijuca, no cenário majestoso do Rio de Janeiro. Com a crise habitacional na cidade que cresceu de repente, ela foi se tornando dormitório operário, até que a saturação de moradias e a ideologia dominante de remoção impedissem, ao mesmo tempo, a interrupção de seu crescimento e os benefícios de uma urbanização. Nesse período, a rica cultura das favelas inventou ritmos e gêneros musicais, inventou o carnaval e o futebol como formas de expressão popular, inventou uma arquitetura pragmática e um urbanismo no caos. E, embora excluída da sociedade formal, chegou a representar internacionalmente a cultura nacional brasileira.
Apesar de seu lirismo iluminado, essa era uma cultura autopiedosa e conformada, uma margem provisória e dependente do centro, cuja única aspiração era a do reconhecimento da cidade e, se possível, a da descida individual do morro, numa ascensão que só o pandeiro e a bola podiam lhe dar.
Hoje os jovens das favelas cariocas formam uma nova geração que, rompendo com os estereótipos de que é vítima, rompeu também com o conformismo que sempre relegou os moradores dessas comunidades a uma sombra de cidadãos de segunda classe, fantasmas sociais assombrando o sono dos ricos. Esses jovens estão agora construindo sua identidade, sobretudo através da cultura. Eles se orgulham de suas comunidades, de suas famílias e de seus vizinhos, de sua atividade produtiva, de seu comportamento social, de sua pro-atividade. Não se consideram representados pelos agentes da violência e trabalham duro para obter aquilo que seria obrigação do estado lhes fornecer, como a qualquer outro cidadão da mesma urbis – educação, saúde, moradia, segurança.
Para vencer esta batalha, o apoio das comunidades é imprescindível, acho que os moradores das favelas não querem mais o crime organizado dentro de suas comunidades, pois sua população de adolescentes estão sendo cooptados pelo crime organizado muito precocemente, tendo suas vidas ceifadas no enfrentamento entre facções rivais, polícias ou milícias. A população quer a proteção do Estado de Direito e não de um Poder Paralelo.
Qual será a verdadeira história das favelas? Vou torcer para que haja hackers para invadir nossos sistemas e desvendar os mistérios reais das milícias. Quero entender direitinho!
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