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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

OS NOVOS COMPRIMIDOS QUE COMBATEM A DENGUE FEITOS COM A BACTÉRIA - Bacillus thuringiensis e AS PRINCIPAIS DÚVIDAS SOBRE A DENGUE



Desenvolvidos por brasileiros, eles matam as larvas do mosquito transmissor da doença e são uma estratégia promissora para tentar acabar com o vírus.
Feito com a bactéria BTI, o comprimido é dissolvido na água em que os insetos se desenvolvem e, em dois dias, é capaz de eliminar todas as larvas(Thinkstock/VEJA)
Um simples comprimido, do tamanho de um AAS infantil, pode ser a mais nova e eficaz estratégia de combate à dengue. Feito com a bactéria BTI (Bacillus thuringiensis), que parasita e mata as larvas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da doença, ele é dissolvido na água em que os insetos se desenvolvem e funciona como um poderoso assassino: em dois dias, é capaz de eliminar todos os bichos. Totalmente desenvolvido em laboratórios brasileiros, passou por pelo menos oito anos de pesquisas e testes. Em fase de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o bioinseticida pode ser um forte aliado às estratégias de combate não só da dengue, mas também da chikungunya e da zika, também transmitidas pelo mosquito. O site de VEJA teve acesso com exclusividade a detalhes do projeto.
Assim como o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue, matar o inseto é uma das melhores estratégias para tentar acabar com a doença. Isso porque o Aedes foi moldado pela evolução para ser um inseto urbano, hábil e muito competente para carregar o vírus, transmitindo-o a até 390 milhões de pessoas anualmente, em todo o mundo. No Brasil, foram mais de 1 milhão de casos notificados neste ano, de acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde. Até o fim de maio, 377 pessoas morreram de dengue no país, um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Sem vacina ou tratamento 100% eficaz até agora, a única solução é controlar o mosquito. Por isso, eliminá-lo antes que se torne um adulto capaz de infectar os humanos é uma excelente alternativa.
A fórmula dos comprimidos, concebida na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e produzida pela BR3, empresa do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) da Universidade de São Paulo (USP), tem a vantagem de conseguir driblar a resistência do mosquito, um mecanismo muito importante de sua sobrevivência. Um dos maiores problemas de inseticidas e larvicidas é que eles agem selecionando as populações de insetos que têm genes potentes o suficiente para não serem afetados pelo veneno. Assim, ao longo das gerações, apenas os mosquitos mais fortes sobrevivem e passam seu DNA adiante. Os que ficam são insetos nos quais os inseticidas não fazem efeito.
A bactéria BTI, contudo, é capaz de produzir não uma, mas várias toxinas que afetam o mosquito. A combinação desses venenos é o que impede esse mecanismo de seleção. O inseto não é capaz de criar mutações que combatam todos eles ao mesmo tempo. Por isso, o micro-organismo é usado no combate a vetores há cerca de trinta anos. No entanto, grande parte das fórmulas tem pouca durabilidade ou um preço elevado. O grande salto dado pelos pesquisadores brasileiros foi conseguir criar um comprimido que, uma vez misturado na água, permanece ativo por até dez semanas. Além disso, a bactéria é inofensiva para seres humanos, animais domésticos e plantas. O larvicida é até indicado para ser usado na tina de água de gatos e cachorros.
"Estamos perdendo a guerra contra o mosquito. Mas o novo bioinseticida é uma arma que oferece sustentabilidade, segurança e praticidade. É fácil de ser usado pela população e tem grande durabilidade", explica o engenheiro Rodrigo Perez, diretor da BR3. Assim que o produto receber a liberação da Anvisa, a empresa é capaz de produzir 200.000 comprimidos mensais, que podem ser usados em estratégias públicas e particulares de controle da dengue.
Contra o mosquito - Além do ataque às larvas, os pesquisadores também investem em mosquitos modificados, incapazes de transmitir a doença. A última descoberta, feita por pesquisadores americanos, mostrou que é possível "trocar" o sexo dos mosquitos e, provavelmente, impedi-los de transmitir a doença - apenas as fêmeas picam e inoculam o vírus em humanos. Os cientistas identificaram o gene responsável pela determinação do sexo nos mosquitos e agora tentam transformar as fêmeas em inofensivos mosquitos machos.
Outro método, desenvolvido na Fiocruz, consiste em soltar mosquitos Aedes que contém a bactéria Wolbachia, que os impede de transmitir o vírus da doença. Essa bactéria, que sobrevive no organismo da maior parte dos insetos, não existe naturalmente no Aedes e, de acordo com os cientistas, não causa efeito no corpo humano. No entanto, no organismo do Aedes, ela barra a infecção. A ideia dos pesquisadores é substituir a população de mosquitos do tipo pelos insetos infectados - o que reduziria drasticamente os casos de dengue.
Uma terceira estratégia é o uso de mosquitos transgênicos. Produzidos por empresas de biotecnologia, como a brasileira Moscamed e a britânica Oxitec, esses mosquitos machos, ao copularem com as fêmeas, geram descendentes incapazes de chegar à idade adulta. Assim, eles não transmitiriam a doença. A proposta é que a quantidade de mosquitos seja reduzida nos locais onde esses machos são soltos. De acordo com um pesquisa publicada nesta quinta-feira no periódico PLOS Neglected Tropical Diseases, a redução da população de mosquitos na cidade de Juazeiro, na Bahia, foi de mais de 90%, em consequência da aplicação desse método.
Vacina - Por enquanto, não há vacina capaz de combater com eficácia todos os quatro subtipos da dengue. Mas pesquisadores dos Estados Unidos e de Cingapura descobriram que um anticorpo humano específico para o subtipo 2 da doença pode proteger ratos da forma grave do vírus. O trabalho, publicado esta semana na revista Science, sugere que esse anticorpo pode ser usado na produção de vacinas que combatam a doença em humanos.
O trabalho é importante pois a grande preocupação dos cientistas ao desenvolver uma vacina é eliminar a versão mortal da dengue, que surge principalmente na segunda ou terceira infecções. Isso acontece porque alguém que tem a doença pela primeira vez desenvolve células de defesa contra a doença. Se acontecer de ser picada pelo mosquito uma segunda vez, infectado por outro sorotipo, o novo vírus que entra no organismo consegue se colar aos anticorpos criados pela primeira infecção. Assim, o anticorpo funciona como um cavalo de Tróia, levando o vírus para dentro do sistema imune: a dupla entra com facilidade nas células imunológicas, que reconhecem o vírus como sendo uma célula de defesa. O parasita se multiplica rapidamente no organismo, e essa velocidade pode levar à morte.
Já há algumas vacinas sendo criadas por laboratórios farmacêuticos e institutos de pesquisa internacionais. As mais avançadas são as do Sanofi Pasteur, que está em desenvolvimento há cerca de vinte anos, e a do Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com o americano National Institutes of Health (NIH, na sigla em inglês). Outras vacinas estão sendo feitas pelo GlaxoSmithKline, em conjunto com a Fiocruz, pela Takeda Pharma e pela americana Merck.
AS PRINCIPAIS DÚVIDAS SOBRE A DENGUE
Como a dengue é transmitida?
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. O inseto, se infectado, introduz o vírus no sangue humano. O Aedes aegypti contaminado é capaz de passar a doença para tantas pessoas quanto ele picar.
Todos que são picados desenvolvem a doença?
Não, nem todas as pessoas picadas pelo mosquito Aedes aegypti desenvolvem os sintomas da dengue. Se o mosquito não estiver contaminado, consequentemente o indivíduo também não receberá o vírus e não terá a doença. Além disso, algumas pessoas infectadas não apresentam sintoma algum da dengue — segundo o infectologista Ésper Kallás, a medicina ainda não sabe por que isso ocorre.
É possível ser picado mesmo com roupa?
"O mosquito que transmite a dengue consegue picar uma pessoa mesmo se ela está vestida – a não ser que a roupa seja muito grossa, como uma blusa de lã", explica a infectologista Thaís Guimarães, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Em qual parte do dia o mosquito pica mais?
Segundo Ésper Kallás, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, o mosquito transmissor da dengue tem o hábito de picar com mais frequência no início da manhã e no final da tarde, mas isso não quer dizer que uma pessoa não possa ser picada em outros períodos do dia.
Como prevenir a dengue?
Para evitar a dengue, é preciso combater o mosquito que transmite o vírus da doença. Isso inclui eliminar focos de água parada e acúmulo de lixo. O uso de repelentes e produtos químicos que evitam o inseto também ajuda.
Como a doença é tratada?
Não há um tratamento específico contra a dengue. O que existe são formas de combater os sintomas da doença – ou seja, medicamentos que atenuam as dores, as febres ou terapia intensiva para combater a hemorragia. Formas mais leves da enfermidade geralmente são tratadas com hidratação e repouso, e sintomas mais relevantes, com analgésicos e antitérmicos. A internação hospitalar é necessária em casos mais graves, com hemorragia.
Qual é a diferença entre a dengue comum e a hemorrágica?
A dengue é uma doença única. Sua forma hemorrágica ocorre quando o problema evolui de sintomas leves ou moderados, como febre e dores de cabeça, para sangramentos, que podem acontecer desde na gengiva até nos órgãos gastrointestinais. Segundo o infectologista Ésper Kallás, cerca de 1% dos casos de dengue são do tipo hemorrágico. Os sinais que podem indicar que uma pessoa está com dengue hemorrágica incluem sangramentos (na gengiva, genitais e nariz, por exemplo), vômito, dor muito forte de barriga, diarreia persistente, manchas pelo corpo e tontura.
Por que ter dengue pela segunda vez é mais perigoso?
Ter dengue pela segunda (terceira ou quarta) vez é mais perigoso à saúde porque o risco de a doença evoluir para a forma hemorrágica se torna muito maior. Segundo a infectologista Thaís Guimarães, quando uma pessoa é contaminada novamente pelo vírus da dengue, a reação de seu sistema imunológico é muito mais agressiva e capaz de desencadear esse processo hemorrágico. "Pessoas com dengue pela primeira vez podem ter dengue hemorrágica, mas isso é muito raro", diz a médica.
Ter dengue uma vez deixa a pessoa imune a uma segunda picada?

Não. Cada pessoa pode apresentar dengue até quatro vezes, que é o número de tipos do vírus que causam a doença. Quando infectadas por um deles, as pessoas se tornam imunes a essa variedade do vírus, mas não às outras.
Por quantos dias os sintomas persistem?
Em geral, os sintomas duram até uma semana — exceto na forma hemorrágica da doença. Nesse caso, o tempo em que a doença persiste varia de acordo com o prognóstico de cada paciente.
Quanto tempo leva para os sintomas aparecerem?
O período entre a picada do mosquito transmissor do vírus da dengue e o surgimento dos sintomas da doença varia entre três e treze dias, em média.

Quais são os sintomas característicos da dengue?
Os sintomas mais comuns da dengue clássica incluem febre alta, dores no corpo, de cabeça, atrás dos olhos e nas articulações, além do aparecimento de manchas pelo corpo. Diferentemente do resfriado comum, a dengue não afeta o aparelho respiratório do paciente – ou seja, não provoca tosse ou coriza.

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