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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O AQUÍFERO GUARANI

O termo aquífero Guarani foi proposto há alguns anos, numa reunião de pesquisadores de várias universidades de países do cone sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai),  como uma forma de unificar a nomenclatura de um sistema aquífero comum a todos eles, e em homenagem à nação dos índios guaranis, que habitavam a área de sua abrangência. Anteriormente, este aquífero era conhecido aqui no Brasil pelo nome de Botucatu, pelo fato de que a principal camada de rocha que o compõe ser um arenito de origem eólica,  reconhecido e descrito pela primeira vez  no município de Botucatu, estado de São Paulo.
Aquífero Guarani
Área de Ocorrência
O aquífero Guarani ocorre nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do sul; atingindo também os países Argentina, Paraguai e Uruguai. É, portanto um sistema transnacional. A área total de ocorrência chega a 1.400.000 quilômetros quadrados, dos quais cerca de 1 milhão está em território brasileiro. Sua dimensão norte-sul no Brasil chega  a 2000 quilômetros.

Panorama geológico.
Este aquífero é constituído de várias rochas sedimentares pertencentes à Bacia Sedimentar do Paraná. Das rochas que compõem o aquífero, a mais importante é o arenito Botucatu, de idade triássico superior  a jurássico inferior (190 milhões de anos atrás). Este arenito foi depositado em ambiente desértico, o que explica as características que faz dele um ótimo reservatório de água: Os grãos sedimentares que o constituem são de uma grande homogeneidade, havendo  pouco material fino (matriz) entre os mesmos. Isto confere a este arenito alta porosidade e alta permeabilidade.

Sua espessura média é de cerca de 100 metros, havendo locais onde chega a 130 metros. O arenito Botucatu está exposto à superfície nas regiões marginais da Bacia Sedimentar do Paraná. À medida que caminhamos para as partes centrais desta Bacia, isto é para o interior dos estados do sul, este arenito vai ficando cada vez mais profundo, tendo a lhe recobrir espessas camadas de rochas vulcânicas basálticas, e outros camadas de arenitos mais recentes.

A região onde o arenito Botucatu aflora constitui os locais de recarga do aquífero. Nas regiões onde o mesmo está recoberto pelas rochas vulcânicas não há recarga e o sistema está confinado, ou seja, é artesiano, chegando a profundidades de até 1500 metros.  Apesar desta profundidade, como é um sistema confinado, nos poços que o alcançam nesta profundidade á água sobe chegando a pouco menos de 100 metros da superfície, havendo locais onde a pressão é suficiente para que a água jorre espontaneamente pela boca do poço.

Potencial Hidrogeológico do Aquífero Guarani
Este aquífero é responsável por cerca de 80 % do total da água acumulada na Bacia sedimentar do Paraná.  Calcula-se que constitua a maior reserva de água doce do mundo. Como é muito permeável os poços ali perfurados apresentam vazão que podem ultrapassar os 500 m³/h, com um rebaixamento de somente 150 metros do nível d'água no poço antes do bombeamento.


Obs:  Esta relação entre vazão e rebaixamento do nível estático do poço chamamos de capacidade específica do aquífero.
Em regiões onde o aquífero está a mais de 1000 metros de profundidade a água pode atingir temperaturas de até 50 graus Celsius, sendo muito útil em alguns processos industriais, hospitais, no combate à geada e para fins de recreação e lazer.

O teor médio de sólidos totais dissolvidos está ao redor de 200 mg/L, sendo uma ótima água para consumo humano. Contudo alguns poços perfurados no Estado do Paraná forneceram água com teor elevado de flúor (12 mg/L) o que a torna inviável para uso humano, mas tudo indica que esta não é a química predominante da água do aquífero.
Poluição
Estudos têm revelado que as águas do aquífero Guarani ainda estão livres de contaminação. Contudo, considerando que a área de recarga coincide com importantes áreas agrícolas brasileiras, onde se tem usado intensamente herbicidas, é de se esperar que são necessárias medidas urgentes de controle, monitoramento e redução da carga de agrotóxicos, sob pena de se vir a ter sérios problemas de poluição.
Outros perigos são:
a) Uso descontrolado e  excessivo, principalmente  nos locais que apresentam artesianismo jorrante, sendo necessário um rígido controle para se evitar o desperdício de água e consequente diminuição da pressão interna do sistema, o que viria a prejudicar os outros usuários das redondezas do poço jorrante. Um exemplo deste desperdício se encontra no município de Pereira Barreto, interior de São Paulo, onde se joga no rio Tietê, cerca de 4 milhões de litros de água potável por dia. (Aldo Rebouças, in ABAS INFORMA, 101/2000)
b) Poços abandonados: todo poço, que atinja ou não o  aquífero Guarani, e deixe de ser usado, deve ser convenientemente selado para evitar a entrada direta de águas poluídas,
c)Vedação: todo poço deve ser bem vedado para evitar a entrada de água poluída no espaço anelar existente entre o revestimento do mesmo e as paredes da perfuração
Após diversas contribuições da comunidade técnico-científica dos quatro países envolvidos na elaboração do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero Guarani, a figura ao lado apresenta o mapa esquemático do Sistema Aquífero Guarani que foi aprovado pelo Conselho Superior de Preparação do Projeto - CSPP (que conta com representantes da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai - Fundo para o Meio Ambiente Mundial/Banco Mundial - Organização dos Estados Americanos).
O Sistema Aquífero Guarani é definido no mapa de forma inovadora, ressaltando aspectos fundamentais relacionados à gestão dos recursos hídricos e do meio ambiente, por meio da definição das áreas potenciais de recarga indireta (amarelo), direta (verde) e de descarga das águas do aquífero (marrom). As áreas de recarga direta são aquelas em que as águas se infiltram diretamente pelos afloramentos do Guarani e pelas fissuras das rochas sobrejacentes; as áreas de recarga indireta são aquelas de onde as águas são drenadas para o aquífero a partir da drenagem superficial e do fluxo subterrâneo indireto; finalmente, as áreas de descarga são aquelas por onde as águas emergem do Sistema Aquífero Guarani, alimentando rios ou são exploradas através de poços artesianos. As áreas que aparecem em branco referem-se à bacia de drenagem do rio da Prata cujas águas não integram o Sistema Aquífero Guarani.
A figura mostra que o Aquífero Guarani não coincide exatamente com a bacia hidrográfica do rio da Prata nos territórios da Argentina, Brasil e Uruguai. A bacia geológica à qual pertence o aquífero Guarani extrapola os limites da bacia hidrográfica do rio da Prata em pelo menos duas extensas regiões no Brasil: uma faixa ao norte do Porto Alegre-RS (bacia atlântica do rio Jacuí) e outra na região do alto rio Araguaia. Na Argentina e no Paraguai os limites do aquífero ainda não estão completamente delineados, tampouco se as áreas de descarga assinaladas estão efetivamente relacionadas ao Guarani. Dúvidas importantes, que ainda não estão esclarecidas nas fontes de dados compilados, deverão ser motivo de estudos mais aprofundados durante a execução do Projeto. Afinal, o Guarani é uma unidade hidrogeológica específica, cujo início do processo de formação está distante no passado geológico, há algumas centenas de milhões de anos.
Para contato e/ou sugestões envie mensagem para a Coordenação Nacional e Secretaria-Geral do Projeto. O mapa esquemático está disponível para “download” em dois formatos: A4 (escala aproximada de 1:13.600.000) e A0 (aproximadamente 1:3.000.000).

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