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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ANFÍBIO RARO É ACHADO EM RONDÔNIA, NO RIO MADEIRA

O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um anfíbio de formato parecido com uma cobra. Atretochoana eiselti é o nome científico do animal raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia registro do anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília. Nenhum deles têm a descrição exata de localidade, apenas 'América do Sul'. A descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada.
Seis exemplares da espécie Atretochoana eiselti, anfíbio de corpo alongado, cilíndrico e de pele lisa que pertence à família das chamadas cobras-cegas, foram encontrados perto de obras de uma hidrelétrica no Rio Madeira, em Porto Velho, capital de Rondônia. O animal seria o maior anfíbio sem pulmões já encontrado - ele respira pela pele.
O biólogo Juliano Tupan, analista socioambiental da Santo Antônio Energia, concessionária da usina hidrelétrica, conta que foram encontrados seis exemplares do anfíbio, que ficou conhecido como cobra mole, durante o processo de secagem de um trecho do leito do rio. Os animais estavam no fundo do Rio Madeira entre pedras que compunham as corredeiras de Santo Antonio, no leito original do rio.
“A Amazônia é uma caixa de surpresa em se tratando de anfíbios e répteis. Ainda há muita coisa para ser descoberta”, afirma o biólogo.
Segundo Tupan, o ponto mais importante dessa descoberta é que agora se tem a noção de onde a Atretochoana eiselti pode ser encontrada. “Provavelmente em todo o Rio Madeira até a região da Bolívia”, diz.
 Atretochoana eiselti foi descoberta no Rio Madeira (Foto: Juliano Tupan/Divulgação)
Os primeiros exemplares do anfíbio foram encontrados pela equipe de Juliano Tupan em dezembro do ano passado. Em janeiro passado ele encontrou mais dois exemplares, mas morreram.
Juliano explica que a divulgação da descoberta foi feita somente agora porque estava em processo de validação e catalogação científica.
“Resgatar um animal tão raro como este foi uma sensação fora do comum. Procurei referências bibliográficas, entrei em contato com outros pesquisadores e vimos que se tratava de Atretochoana eiselti”, lembra Juliano Tupan.
Parente de sapos e pererecas
O formato cilíndrico do corpo do anfíbio faz logo pensar que se trata de uma cobra meio esquisita. Mas Juliano explica que a Atretochoana eiselti não tem parentesco algum com répteis. “Esse anfíbio é parente próximo de salamandras, rãs, pererecas e sapos. Apenas se parece com uma serpente, mas não é”, afirma o biólogo.
Dois exemplares da Atretochoana eiselti descobertos no Rio Madeira estão no Museu Emilio Goeldi, em Belém, PA.
Juliano conta que cerca de dois meses após a descoberta no Rio Madeira um grupo de pescadores do Pará encontrou um exemplar na foz do Rio Amazonas, na região de Belém, PA.
Anfíbio estava no fundo do Rio Madeira (Foto: Juliano Tupan/Divulgação)
Ficha da Espécie
Atretochoana eiselti é uma espécie de anfíbio gimnofiono da família Caeciliidae. Apenas cinco espécimes são conhecidos em coleções de museus, o holótipo provém da América do Sul, mas a localização específica é desconhecida, os demais exemplares são provenientes do Brasil. Possivelmente pode ocorrer também na Bolívia. A espécie é o maior tetrápode sem pulmões conhecido.
Nussbaum & Wilkinson, 1995


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