Seleção natural não é sinônimo de “perfeição natural”
A seleção natural não tem a capacidade de eliminar as doenças oncológicas, e alguns cientistas acreditam que a selecção natural fornece as “ferramentas” para o crescimento dos tumores.
Os seres vivos ao longo da evolução desenvolveram uma extraordinária mas complexa adaptação, mas no entanto continuam vulneráveis às doenças. Entre as doenças mais mortíferas – e sem dúvida a mais enigmática – encontramos o câncer.
Um tumor cancerígeno está ironicamente bem adaptado para sobreviver, e realiza-o da maneira mais “grotesca”. As suas células continuam a dividir-se muito para além do que fazem as células normais.
Destroem tecidos vizinhos para criarem espaço para crescerem e enganam o organismo para receberem energia para continuarem a crescer em quantidade e em tamanho. Mas, os tumores que nos metem medo não são parasitas estranhos, vírus HIV, que desenvolveram estratégias estranhas e sofisticadas para atacarem o nosso corpo.
Os tumores são criados pelas nossas próprias células, e “viram-se” contra nós. Podemos lhes chamar de: “dormindo com o inimigo”. Os tumores não são raridades bizarras como algumas doênças genéticas letais.
Num artigo publicado na Scientific American novembro 2008, edição especial – Câncer, Carl Zimmer explica de que forma a seleção natural consegue limitar de forma tênue a capacidade do organismo desenvolver o câncer. A seleção natural forneceu-nos algumas defesas que procuram atrasar a doênça permitindo que ela surja em idades avançadas mas não a eliminou. Estudos realizados demonstraram que as forças evolutivas favoreceram alguns genes que contribuem para o desenvolvimento do câncer ou mesmo da sua agressividade. Ao tentarem compreender a história evolutiva do câncer, os cientistas buscam novos “ângulos” de estudo no combate deste flagelo.
Alguns exemplos: as drogas utilizadas em quimioterapia muitas vezes perdem eficácia no combate a células cancerígenas. O processo tem uma enorme semelhança com a evolução à resistência de drogas que são utilizadas no combate ao HIV. As mutações que permitem às células cancerígenas sobreviver à quimioterapia permitem que as células tumorais tenham vantagem sobre as células normais vulneráveis.
Uma nota final:
O câncer é uma consequência da forma como somos e para que somos feitos.
Somos colônias temporárias, um produto dos nossos genes, de forma a assegurarem a sua propagação para a próxima geração.
Uma solução final para o câncer?
É simples : mudar a forma como temos reprodução.
Uma visão endossimbiótica da vida (Lynn Margulis) com uma ideia fundamental do livro “O Gene Egoísta” de Richard Dawkins.
"O que é o gene egoísta? Não é apenas um fragmento físico único de ADN. Tal como no caldo primitivo, ele é todas as réplicas de um fragmento particular de ADN, distribuído por todo o mundo. Se nos permitíssemos falar sobre os genes como se tivessem objetivos conscientes, certificando-nos sempre de que podemos traduzir de novo a nossa linguagem descuidada para termos respeitáveis, poderíamos perguntar: o que está um gene egoísta isolado tenta fazer? Está tentando tornar-se mais numeroso no pool de genes.
Basicamente, ele consegue isto ajudando a programar os corpos nos quais se encontra, para sobreviverem e se reproduzirem. Agora, porém, estamos a realçar a sua condição de agência dispersa, existente em muitos indivíduos diferentes ao mesmo tempo. O ponto fulcral deste capítulo é que o gene poderá ser capaz de auxiliar réplicas de si mesmo localizadas noutros corpos. Sendo assim, aquilo que poderá aparecer como altruísmo individual existe, afinal, em função do egoísmo do gene."
Retirado do livro "O Gene Egoísta - Richard Dawkins"
Louvável descoberta, mas quero dizer que a partir do nosso nascimento, somos uma verdadeira fauna a combater nossa existência. Por mais que lutemos, ao final seremos vencidos. Esta é a verdade sobre a vida. Mas enfim, vamos tentando prolongar nossos dias.
ResponderExcluirDesde que nascemos, travamos uma batalha para sobreviver, vc disse bem, neste filme no final todos morrem, alguns mais novos outros mais velhos. A questão da doênça é uma mutação genética que carregamos e quando combinamos alguns gens, na proliferação do espécie, esta doênça aparece mais cedo no fruto da proliferação (filhos). O homem tenta descobrir os genes que causam certas doênças, mais acho que nada disto poderá mudar o nosso destino.
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