Os anfíbios são elementos importantíssimos nas cadeias e teias ecológicas, principalmente como controladores de insetos (o mosquito da dengue, por exemplo) e outros invertebrados, sendo ora presas, ora predadores. Os anfíbios são animais que se caracterizam por ter duas formas de vida: a fase larval e a fase adulta. Em geral, a primeira fase desses animais é de vida aquática e, assim como os peixes respiram por brânquias. Ao longo dessa fase, eles desenvolvem patas e a respiração torna-se pulmonar ou cutânea (através da pele), fazendo com que possam viver tanto na água, quanto em terra firme. São animais de pele fina e húmida e não possuem pelos ou escamas. Os anfíbios existem há mais de 350 milhões de anos e foram os primeiros animais a apresentar musculatura para se sustentar fora da água. Os anfíbios são agrupados em três ordens, com ampla distribuição geográfica na terra: De acordo com a literatura são conhecidas 5.500 espécies de anfíbios, e a fauna da América do Sul é a mais rica do planeta, com aproximadamente 1.740 espécies, distribuídas por 140 gêneros e 16 famílias. No Brasil são atualmente conhecidas 517 espécies de anfíbios. No geral, são bons indicadores biológicos e ambientais, já que necessitam de um ecossistema equilibrado (associação entre meio biótico e abiótico) para manterem sua diversidade. No entanto, na atualidade, eles são alvo de biopirataria, uma vez que na sua pele encontram-se compostos químicos de interesse das grandes indústrias farmacêuticas, com poderes curativos, analgésicos ou até mesmo anticancerígenos. Em termos ecológicos, os anfíbios, como animais ectotérmicos (dependem de fontes externas de calor para manutenção da temperatura corpórea), são importantes no fluxo de energia (cadeias tróficas) de um ambiente porque convertem cerca de 90% do que consomem em massa (tecidos corpóreos), diferentemente dos seres endotérmicos (possuem mecanismos internos para o controle da temperatura corpórea), que devem reservar parte da energia ingerida para manter a temperatura corpórea constante. Dessa forma, os anfíbios apresentam taxas de crescimento muito elevadas, e por isso tornam-se ótimas presas de seres ectotérmicos/endotérmicos maiores (Pough et al., 1996). Estudos com comunidades de anfíbios têm proporcionado um maior conhecimento da “ecologia de comunidades”. Por serem de fácil observação, estarem sempre associados a cursos d’água ou poças em pelo menos uma fase de suas vidas e se encontrarem em grande número na época reprodutiva, estudos de comunidades de anfíbios têm contribuído com importantes informações acerca da distribuição espacial e temporal, predação, comunicação e alimentação (Beebe, 19896; Duellman Trueb, 1986), para a elaboração de modelos acerca da estruturação de comunidades em geral.Como já referido, por serem de fácil observação, e também por suportarem a presença dos pesquisadores e permitirem manipulações os anfíbios têm chamado a atenção dos cientistas que trabalham com seleção sexual. Assim, é possível testar hipóteses, verificar como ocorrem os acasalamentos, como é a competição intra ou intersexual, se há estratégias alternativas reprodutivas ou se há influência nas características dos filhotes devido à escolha de parceiros (Bastos & Haddad, 1999; Wilczynski & Ryan, 1999), assim como a análise das vocalizações para diagnosticar a linguagem destes anfíbios. Em termos histórico-científicos, os anfíbios foram muito utilizados nas décadas de 1950 e 1960, para realizar teste de gravidez. O teste consistia na resposta da fêmea de Xenopus, em produzir óvulos em menos de 24 horas, a pequenas quantidades de hormônio gonadotrofina-coriônico (coletado na urina), se a mulher estivesse grávida (Beebee, 1996). Além disso, os anfíbios têm sido utilizados pela humanidade de diversas maneiras. Por exemplo, em varias partes do mundo (incluindo o Brasil), as rãs são iguarias bastante apreciadas. A rã-touro (Rana catesbeina; Família Ranidae) é criada especificamente para fins alimentares. O Brasil destaca-se, mundialmente, como um dos grandes produtores de carne e de pele dessa rã (Bezerra, 2001). Todavia, deve-se ressaltar a importância de haver um controle rígido sobre os criadouros, para evitar que a rã-touro possa vir a ocasionar problemas para a fauna nativa geral, caso indivíduos adultos escapem acidentalmente e venham a se reproduzir na natureza podendo causar grande impacto ambiental sendo uma espécie invasora que, geralmente, não apresenta um predador natural. Na Austrália, em 1935, o sapo sul-americano, Bufo marinus, foi introduzido para controlar duas espécies de besouros, que causavam sérios prejuízos às plantações de cana-de-açúcar. Posteriormente, no entanto esses sapos constituíram-se em um gravíssimo problema para a fauna nativa australiana (Azevedo-Ramos et al., 1994), uma vez que não possuíam predadores especializados em caçá-los, explodindo demograficamente sobre anfíbios nativos e os expulsando de seus habitas por competição espacial e alimentar. Como os anfíbios são abundantes e fáceis de serem capturados, são utilizados em muitas escolas e universidades como material biológico, em estudos de cito genética, morfologia, fisiologia, tanto em nível de graduação como de pós-graduação. Todavia, devem-se respeitar os princípios éticos na manipulação desses animais em tais experimentos, nas aulas práticas ou nos estudos científicos (Animal Behaviour, 2002), assim como se devem ter licenças ambientais dos órgãos competentes que permitam a utilização dos animais. Caso contrário, é imoral e ilegal a coleta, o transporte e o manuseio de qualquer material biológico. Atualmente, os anfíbios têm atraído a atenção de grandes laboratórios farmacêuticos, devido à existência de diversos compostos químicos em suas peles, como é o caso de diversas espécies pertencentes aos gêneros Brachycephalus, Dendrobates, Epipedobates, Phyllomedusa e Rana (Batista et al.; Park et al, 2001; Sebben et al., 1993). As pesquisas têm possibilitado a descoberta de substâncias que poderão atuar, por exemplo, como substituto da morfina, no tratamento do mal de Alzheimer e doença de Chagas (Stebbins & Cohen, 1995). Além disso, as possibilidades de novas descobertas de princípios ativos são infinitas, podendo ser descobertas substâncias que atuariam combatendo o câncer, auxiliando no tratamento da AIDS ou sendo analgésicos e antidepressivos. Como os grandes laboratórios farmacêuticos estão localizados no hemisfério norte, o Brasil deve preservar a sua anfibiofauna e evitar o tráfico ilegal desses animais. Assim, evitar-se-á que, em um futuro não tão distante, tenha de se pagar bem caro por medicamentos que foram produzidos a partir de substâncias existentes na biodiversidade nacional, como já ocorre com alguns medicamentos em que o princípio ativo é derivado de espécies vegetais nativas do território nacional.
Anfíbios e Répteis - Algumas espécies pirateadas de nosso País. |
As medidas para conservação da biodiversidade em geral compreendem: maior fiscalização nas áreas de fronteiras; acompanhamento específico e rigoroso em pesquisas de estrangeiros sobre a fauna e flora nacional; criação de novas unidades de conservação; consolidação das unidades de conservação existentes; desenvolvimento de programas de educação ambiental com as comunidades mais próximas das unidades de conservação; formação de recursos humanos; criação de novas coleções científicas; maior apoio financeiro para as coleções científicas existentes; criação de uma base de dados, interligando as coleções científicas e destinação de recursos para realização de pesquisas, como inventariamento de novas áreas, identificação de populações ameaçadas e de relevante interesse ecológico, estudos da biologia molecular, ecologia, distribuição espacial e temporal, genética, comportamento social, reprodução, seleção sexual e monitoramento das espécies (Azevedo-Ramos, 1998; Cavalcanti & Joly, 2002; Dias, 2001; van Schaik et al., 202; Young et al., 2002).Conservar a biodiversidade nacional e coibir a biopirataria é mais do que proteger nossos animais e plantas; é acreditar em uma dádiva que está presente em nosso território nacional e fazer valer essa condição única de poder desfrutar consciente e sustentavelmente de potenciais e reais recursos ambientais, geradores de renda, saúde, trabalho, desenvolvimento econômico-social e a possibilidade de poder contemplar uma exuberante e revigorante beleza cênica que a natureza nos provê a todo momento.
Texto retirado do site do Ibama (www.ibama.gov.br)
Me fascina saber, mas quanto mais eu leio mais afadigada fico. Estou muito cética.
ResponderExcluirRoubam "nossos' princípios ativos fabricam drogas para nos vender a preços absurdos. Pode?
ResponderExcluirIsso não é novo e já é sabido de muitos. Não acredito que haja algum interesse em evitar o tráfico. Aqui é casa da mãe Joana. Entra quem quer.
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKk,agora mudou o nome, Casa da Mãe Dilma.
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