Estudo revela alguns dos efeitos negativos da eliminação da “aristocracia ecológica”
Um estudo realizado à primeira vez em escala mundial sobre o impacto do declínio dos grandes predadores e dos animais herbívoros, revela que o declínio destas populações que se encontram no topo da cadeia alimentar provoca mudança negativas em todos os ecossistemas terrestres e marinhos.
"Eliminação dos grandes predadores terá efeitos significativos no futuro dos ecossistemas", diz a investigadora Ellen Pikitch" |
Os investigadores envolvidos no estudo agora publicado na «Science» admitem que na observação dos ecossistemas há uma tendência para se olhar “de baixo para cima”. Os cientistas e os gestores de recursos “centram-se apenas numa pequena parte de uma equação que é mais complexa”, afirma o professor de Ecologia e Evolução da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, James Estes, co-autor do estudo.
A investigação demonstra que os maiores consumidores na cadeia alimentar são fatores de enorme influência na estrutura, função e biodiversidade dos ecossistemas. O topo da pirâmide é formado por felinos, lobos, bisontes, baleias, tubarões, animais grandes e que não se podem estudar facilmente em laboratório, não sendo por isso fácil medir os efeitos da sua eliminação nos ecossistemas.
A degradação, que está documentada em investigações anteriores, revela uma série de efeitos em cascata nos ecossistemas de todo o mundo, agravados principalmente por fatores como as práticas de uso da terra, as mudanças climáticas, a perda de habitat e a contaminação causada pelo homem.
Este estudo recolhe alguns dos efeitos negativos da eliminação desta “aristocracia ecológica”. A diminuição da população de leões e leopardos na África subsariana, por exemplo, provocou um aumento da população de babuínos, uma das suas presas de eleição. Este facto fez aumentar a transmissão de parasitas intestinais dos babuínos para os humanos.
A caça industrial de baleias que ocorreu durante o século passado fez com que houvesse uma grande perda de grandes baleias consumidoras de plâncton. Sabe-se agora que estas exerciam um papel fundamental na captura de carbono na profundidade dos oceanos através da decomposição das fezes.
O resultado foi à transferência de 105 milhões de toneladas de carbono para a atmosfera, carbono esse que poderia ter sido absorvido pelas baleias.
“Temos de admitir que a eliminação dos grandes predadores e herbívoros do topo da cadeia alimentar terá efeitos significativos no futuro dos ecossistemas”, confirma Ellen Pikitch, diretora do Instituto de Ciências para a Conservação dos Oceanos da Universidade de Stony Brook, organização que promoveu a investigação. Os esforços futuros “para gerir e conservar a natureza tem de incluir estes animais”, conclui.
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