Três grandes explosões solares recentes levaram cientistas do governo dos EUA a alertarem usuários de satélites, telecomunicações e equipamentos elétricos para a possibilidade de perturbações nos próximos dias.
"A tempestade magnética que está prestes a se desenvolver provavelmente será de nível moderado para forte", disse Joseph Kunches, cientista climático espacial do Centro de Previsões do Clima Espacial, subordinado à Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA.
Sol em Tempo real |
Segundo ele, as tempestades solares desta semana podem afetar satélites de comunicação e de GPS (posicionamento), além de poderem produzir uma aurora boreal visível em latitudes bastante baixas -- nos Estados de Minnesota e Wisconsin, por exemplo.
Auroras boreais (ou austrais, quando vistas no Hemisfério Sul) são emanações luminosas naturais causadas pela colisão de partículas eletricamente carregadas com átomos nas partes superiores da atmosfera, e em altas latitudes, ou seja, perto dos polos.
Grandes perturbações decorrentes da atividade solar são raras, mas já tiveram impactos sérios no passado.
Em 1989, uma tempestade solar derrubou redes elétricas no Québec (Canadá), deixando cerca de 6 milhões de pessoas sem energia por várias horas.
A mais intensa tempestade solar já registrada foi em 1859, quando a infraestrutura de telecomunicações se limitava às redes telegráficas.
Aurora Boreal em março de 2007 |
Naquela ocasião, alguns telegrafistas sofreram choques elétricos, papéis pegaram fogo, e muitos telégrafos continuaram enviando e recebendo mensagens mesmo depois de desligados, disse a NOAA em seu site. A aurora boreal causada por aquele fenômeno pôde ser vista até no Caribe.
Hoje, uma tempestade solar daquela magnitude causaria um prejuízo de até 2 trilhões de dólares no mundo todo, segundo um relatório de 2008 do Conselho Nacional de Pesquisas.
Mas Kunches disse que a tempestade solar desta semana não deve chegar nem perto disso. "Ela será de 2 ou 3 na Escala do Clima Espacial da NOAA, que vai até 5", explicou.
A onda emanada pela primeira explosão solar desta semana já passou pela Terra na quinta-feira, causando pouco impacto; a segunda está passando agora, segundo Kunches, e "parece ser mais forte".
Quanto à terceira, ele disse: "Teremos de ver o que acontece nos próximos dias. Ela pode exacerbar a perturbação no campo magnético da Terra causada pela segunda (tempestade), ou não causar nada."
Gestores de redes elétricas recebem alertas do Centro de Previsões do Clima Espacial para se prepararem para momentos de maior atividade solar, o que costuma acontecer em ciclos de aproximadamente 12 anos, segundo Tom Bogdan, diretor do centro.
O próximo "máximo solar" está previsto para 2013. "Estamos chegando ao próximo máximo solar, então esperamos ver mais dessas tempestades vindas do sol nos próximos três a cinco anos," disse Bogdan.
Entendendo uma Explosão Solar
Também chamada de erupção, flare ou rajada, a explosão solar acontece quando uma gigantesca quantidade de energia armazenada em campos magnéticos, geralmente acima das manchas solares, é repentinamente liberada.
Os flares produzem forte emissão de radiação que se espalha por todo o espectro eletromagnético e se propaga desde a região das ondas de rádio até a região dos raios X e raios gama.
Como consequência das explosões solares temos as chamadas Ejeções de Massa Coronal ou CME, enormes bolhas de gás ionizado com mais 10 bilhões de toneladas, que são lançadas ao espaço a velocidades que superam facilmente a marca de um milhão de quilômetros por hora.
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