Estudo sugere que devido a cruzamento o homem moderno ficou apto a sobreviver na Europa
Homem de Neandertal dotou "sapiens" de um melhor sistema imunitário |
Quando saiu de África e rumou até à Europa, o homo sapiens teve contato com o Homo neanderthalensis. Essa teoria ficou provada quando, há não muito tempo, investigadores do Instituto Max Plank (Alemanha) descobriram que o ser humano moderno, europeu e asiático têm entre um e quatro por cento de DNA Neandertal.
Um artigo agora publicado na «Science» vem acrescentar que a genética dos homo sapiens foi melhorada pelo cruzamento. A equipe de investigação identificou vários genes e regiões do DNA que foram ‘cedidos’ pela aquela espécie ao sistema imunológico que o ser humano ainda possui.
Dirigido por Peter Parham (Universidade de Stanford), o estudo permitiu conhecer os genomas tanto de Neandertais como de hominídeos de Denisova (espécie recentemente descoberta na gruta de Denisova, Sibéria).
Investigações anteriores tinham já sugerido que o cruzamento entre estes três hominídeos que habitavam o planeta há 60 mil anos aconteceu na Eurásia, razão pela qual se identificou 2,5% de DNA Neandertal em todos os humanos não africanos. Também se detectou parte de DNA denisoviano em populações asiáticas, sobretudo na Melanésia, onde a percentagem de DNA ancestral ascende a 6%.
O que este estudo traz de novo é a importância da hibridação. As atenções dos investigadores centraram-se no sistema antígeno leucocitário humano (HLA), pois este está submetido à pressão das doenças e entra facilmente em mutação.
A comparação das sequências genômicas mostrou que vários genes do HLA (como o B*51 e o C*07) eram próprios da evolução dos Neandertais e passaram para as populações de sapiens. O mesmo se passava com uma região chamada HLA classe I. As percentagens da presença entre os europeus era de 50 por cento, nos asiáticos de 80 por cento e nas populações da Papua Nova Guiné até 95 por cento. No entanto, não se encontrava entre a população africana.
Foram também encontrados nos asiáticos genes próprios do genoma dos hominídeos de Denisova.
Os autores defendem que a mestiçagem com outras espécies melhorou os humanos modernos para os defender de agentes patogênicos presentes na Europa e na Ásia. Trata-se, afirma, de um “exemplo claro de seleção natural”: aqueles que possuíam os genes protetores, ou seja, os híbridos, ficaram mais aptos para sobreviver.
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